Pra quem como eu, sempre gostou de política e vive no seu mundo desde sempre, as vezes se pega perguntando: Como é que a gente conseguia ganhar eleição, perder, sem celular? Sem computador? Ora, no papo. Andando. Reuniões mil. Santinho. Faixa. Camiseta. E comício! Ah que saudade!
Hoje isso é artigo de museu. Só se fala em rede social. Internet. Seguidores. Post. Live. Essas coisas todas, essas ferramentas, sendo moderno! Não foram introduzidas só por um dos atores do processo eleitoral.
Todos usam. Candidato e eleitor. E claro, a justiça eleitoral. Me parece que ainda não dominamos essas mudanças.
Estamos no meio do caminho. Ora isso dá certo, flui. E noutras vezes desanda. Fake, por exemplo.
Acho que a primeira grande mudança, aqui em nosso Brasil, foi a urna eletrônica. E até hoje ainda é controversa.
Se quem a controla, disciplina e a manipula legalmente fosse mais pródigo em esclarecer, dar notícias, explicar, responder questionamentos, não haveria esse festival de denúncias, desconfiança e as fakes!
O monopólio da urna eletrônica não pode continuar assim como é hoje. Vai continuar motivando desconfiança. Não adianta representantes partidários, de grupos de ti privados etc. etc. Pós eleição, quem perdeu vai esquecer tudo isso.
Nos dias atuais, a gente faz política em tudo. Começa pela gente com a gente. E cedinho, segue o dia e vamos dormir negociando com o sono.
E a gente aqui ou acolá, aprendeu que tudo passa por uma boa negociação, ou má! Depende.
Aí, a política na coisa pública, no parlamento, na função pública, onde se serve o comum, usa-se o coletivo e se busca satisfazer o cidadão e ao final, tentar ficar onde se está com o voto dele, cidadão. Patrão final!
Bem, nós brasileiros somos mui criativos em ter nossas peculiaridades. E claro, nossa política. Bem da nossa cultura. Aí, fica difícil imaginar ou avaliar quem mudou mais.
A política, como ferramenta, instrumento de mudança ou conquista de poder popular, público, mudou pouco. O bom é ganhar.
Os políticos aqui, no Brasil, ah. Mudaram sim. E muito. As pesquisas que divulgam ou os comentários que se ouvem a granel, não revelam satisfação com nossos atores políticos.
Pudera, né! Pós 1964 e suas fardas, poucos presidentes ficaram até o fim. Em nenhum outro país o vice é tão famoso e disputado. Cargo antes figurante, aqui é fundamental.
Imitamos alguns países dito primeiro mundo e implantamos a reeleição. A gente lembra que foi caro. Puxa, como se deu TV, rádio e coisas mais.
Ah, antes, o mandato ficou maior, naquele em particular, também custando caro. E em pouco tempo, surgiram partidos pra cada pedaço de liderança ou grupo de políticos.
E surgiram disputas internas e aí se criaram outros partidos. Siglas. O importante na eleição é ter sigla. Fundo partidário. Grana nossa. Horário gratuito (?).
Hoje, dá pra dizer que também nós, eleitores, mudamos. Junto com tudo isso. Pra pior. Deletamos a história política das siglas, dos candidatos, dos fatos. Concluindo, construímos essa situação que vivenciamos agora.
Quem ganhou quer sangue. Quer tripudiar no vencido. Não estende a mão pra ele. Esse não quer aceitar o resultado, quer sangue também.
No meio, uma Justiça eleitoral. Mas bem mais eleitoral do que justiça.
Aí, permitam: em plena Copa do Mundo, em pleno Natal e nossas lojas vazias. ¾ das famílias devendo pra bancos. Comprando comida e remédios. Cada vez mais caros!
E os políticos negociando como gastar mais. Ah, gente, isso vai ter preço. Varejo vendendo menos é um desastre coletivo.
E gastos públicos maiores, só se resolve com mais impostos. Tempos difíceis e logo no início de 2023, ficará pior.
A política parece que não mudou! Os políticos ficaram bem piores e nós, eleitores, empatamos com eles.
Que Deus venha nos socorrer, de novo. Sucessivas boas safras. Vacinas em abundancia. Nada de enchentes. Nem seca.
E transparência. Debate. Fiscalização. Explicação. Sem censura!
(*) Éricoh Morbiz foi diretor da CIC, dirigiu sindicato patronal de shoppings em Curitiba e é tido como um dos bons “olheiros do futuro” do país.