Nosso Brasil, desde sempre, lidera em termos mundiais, a taxa de juros cobrada pelos bancos. Talvez o Butão e mais outro país pequeno da África passem na nossa frente. Uma liderança nada interessante. Desnecessária!
Acho que avançamos muito em tornar o BC independente. Mas é pouco e demorará anos para que isso possa refletir na prática dos juros. E não é o caminho intervir taxando, fixando números limites: só podem cobrar até % ao mês. Sem intervenção nanica.
Precisamos de profundas mudanças, que cabe ao Governo Federal, sob fiscalização do Congresso, promover.
Inaceitável que quatro instituições bancárias dominem quase 80% das nossas operações de crédito. Mesmo com a inclusão, aí, do Banco do Brasil, supostamente público, mas que age e tem resultados como qualquer um dos outros três.
Então, é preciso estimular, fomentar, incrementar, facilitar a existência de mais entidades de crédito. Cooperativas é um bom caminho. O Ministro Paulo Guedes tem falado a favor, agido pouco nesse sentido, mas é uma das boas ferramentas.
Outra urgente medida deveria ser ir além de programas de crédito para crises (Pronampe). Facilita e durante e pós Covid mostrou como é útil. Mas aí o erro é fazer isso quase só com os mesmos quatro Bancos que monopolizam o mercado. Quem usou viu que nada é negociável, absolutamente inelástico.
A intromissão da Caixa Econômica Federal nisso foi bem marcante, mas ficou numa fatia pequena.
O BNDES tem há tempos sido importante, mas sua ação é estratégica, inatingível pelo pequeno empresário. O braço regional, aqui o BRDE, segue nessa linha. Conversa muito, mas com cooperativas e grandes conglomerados. E boa propaganda. Ah, nós paranaenses, hoje e como sentimos falta do nosso Badep, do nosso Banestado. Há poucos e alguns grupos locais de crédito, mas sob sufoco do monopólio dos quatro maiores.

Tivéssemos algumas vozes mais vigorosas no Congresso, na nossa bancada e já teríamos reconstruído esses canais locais oficiais de crédito (novo Badep, novo Banestado). Anestesia que vai sufocando nossa gente produtiva menor. Somos o 5º Estado produtivo, um belo PIB, raízes sólidas no campo, mas no crédito, só boas e fortes cooperativas.
Ilustrando como esse mundo do crédito e seus juros dá certo lembramos que as grandes redes de varejo nacional já possuem suas financeiras. Mas é tão absurdo os números praticados nos juros, que não usam o nome original das redes. Podem checar: são outros, bem diferentes. Ora, cobrando 15, 18 e até 20% ao mês, isso danifica qualquer imagem. Mas resulta em gordos balanços.
Mais: um brasileiro aposentado pelo SUS, descobriu ou descobriram ele, nos últimos anos, que pode fazer o famoso empréstimo consignado. Quer dizer, até um X % de sua pensão, pode ser utilizada para pagar uma parcela mensal. 80 meses? 90? Levantam, então, o principal.
Atenção: quem faz isso? Bancos, agentes financeiros e cobrando juros! Juros não condizentes com o risco (qual? É zero! Tesouro da União é quem paga!). Inaceitável isso.
Por quê Sindicatos Laborais não podem fazer isso? Intermediar junto ao Caixa da União, cobrando um módico e simbólico valor/custo?
As propostas nesse mundo do consignado, que transitam insistentemente, acenam com taxas bem menores do que os bancos cobram (aqueles 15%, 18%) mas ali ainda há riscos, aqui, o Tesouro da União paga. Qual o risco? Ora, mesmos os 1,4% ou 1,1% de poucos, ainda é inaceitável. E quando se propõe mudar é ampliando a margem! Não a prática do juro.
Porquê como disse lá no início, aqui no Brasil Bancos mandam, tem forte influencia nos Governos (faz tempo! Não é só hoje!). Adoraria que um Banco patrocinasse a camisa do meu Paraná. No teria sumido. Já notaram que até Juiz e o VAR falam diferente com camisas que tem siglas dos bancos?
Enfim, esse mundo bilionário do juro bancário não vai mudar com mudança simples de Governo, de seu Ministro da Fazenda. Precisa mais.
Democratizar urgentemente o mercado, facilitar a chegada de novos agentes do dinheiro. Preferencialmente do setor privado. Agiota (banco) por agiota (outro), vamos preferir os que conhecemos de perto! A CNC (órgão dos empresários do comercio e serviços) tem feito bons e sérios estudos sobre endividamento das nossas famílias.
Último dado deles, registra que mais de 70% delas tem algum tipo de dívida. Precisa explicar porquê?
A solução não é mutirão dos quatro bancos, do Serasa, da Boa Vista. Bom ensinar gestão financeira! Ajuda decidir. Mas diante dos quatro maiores, muito desigual a conversa! A negociação!
Comecemos pelo início da dívida. Juro menor. Bem menor. Será mais fácil…
(*) Éricoh Morbiz foi diretor da CIC, dirigiu sindicato patronal de shoppings em Curitiba e é tido como um dos bons “olheiros do futuro” do país.