Lá na virada do século, banqueiros americanos produziram um relatório em que analisaram o papel de algumas economias emergentes, com grande potencial e que poderiam se juntar e criar mecanismos, ferramentas capazes de fomentar com melhor resultado ações econômicas comuns.
Isso cresceu, atraiu essas econômias e, em 2009, formalizaram numa reunião, a formação do bloco econômico BRIC (Brasil, Russia, India e China). Mais uns anos e chamaram a Africa do Sul. Daí e até hoje, BRICS. Dando uma espiada nos números dessa turma, de inicio, só somando China e India, já chegamos em 2,8 bilhoes de gente, do total de 7,8 bi do mundo. O grupo como um todo, detém 42% da população do mundo e deve ter aí por um quarto do PIB mundial.
São países que na época mereceram a atenção dos economistas dos bancos por que estavam em desenvolvimento e mostravam grande potencial. E ainda são isso. Continuam assim! Um amontoado de países geograficamente grandes, economicamente ricos, com muita gente! Mas com ausência de lideranças genuínas, de estruturas sociais desenvolvidas.
Continuam a ser cinco países confusos, sem somar políticamente e arriscar formar um bloco forte, capaz de opinar, decidir e liderar o mundo. Isso que me aborrece.
O Brasil é talvez o único desses países com um regime político estável, democrático, sólido. Apesar do que vivenciamos nessa campanha eleitoral em aberto. Lá em 2023, a gente volta ao normal.
A India segue ali. Mas sua histórica força religiosa embaça uma análise mais clara. Dos seus 1,4 bilhões de gente, só um terço vive em áreas urbanas. O resto não se pode dizer que no campo, mas longe das metrópoles. E se colocarmos uma lupa, chama atenção a liderança indiana em computação, informática.
E a África do Sul, que não sei bem por quê foi chamada. Talvez pra por o pé na Africa, um continente grande, rico e ainda sem força política.
A China se diz uma República Comunista. Uma minoria manda e o resto se vira.
A Russia um semi presidencialismo confuso e onde um louco põe tudo a perder numa guerra desnecessária. Já disse e lembro que o mundo sente a falta de quadros, nomes saudáveis que possam discutir e dar um rumo sensato pra todos. Esses cinco do BRICS, mostram bem essa situação. Não conseguem se organizar políticamente, falar uma linguagem mínimamente comum.
E a aventura russa na Ucrânia está paralisando o bloco, esse grupo. Uma grande ideia, uma ferramenta fantástica e que vive de soluços, de uma ou outra ideia, como o banco de investimentos do BRICS. Países que produzem comida, tem minérios, grandes reservas de matérias primas, mão de obra abundante e não conseguem conversar na busca de soluções pra seus problemas!
Todos eles tem bolsões de pobreza, famílias famintas, educação deficitária e se tornam cada vez mais presas fáceis das potências de sempre. Não me lembrem, nosso telhado é de vidro!
(*) Éricoh Morbiz foi diretor da CIC, dirigiu sindicato patronal de shoppings em Curitiba e é tido como um dos bons “olheiros do futuro” do país.