segunda-feira, 20 janeiro, 2025
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Clube da Sofrência: um gênero que une tribos, dores e amores

Por André Nunes – O Brasil deve ao gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974) a “invenção” do termo dor-de-cotovelo, aquela famosa melancolia por um amor perdido, especialmente vivida numa mesa de bar. Décadas depois, também foi chamada de “dor de corno” e inspirou centenas de canções, do sertanejo à MPB. Atualmente, é a popular sofrência.

Igualmente envolvente em suas temáticas sobre traições, desenganos e desamores, a sofrência tem o dom de unir tribos, dores e amores de todos os gêneros (musicais e sexuais). Prova disso é a turnê Clube da Sofrência que o talentoso Johnny Hooker vem apresentando pelo Brasil. O cantor pernambucano esteve em Curitiba nesta quinta-feira (27), em show no UP Experience, do Teatro Positivo.

Foto: André Nunes

Mesclando canções em tributo à rainha da sofrência, Marília Mendonça – tragicamente morta aos 26 anos, num acidente de avião em 2021 – com composições próprias, Johnny entrega ao público um setlist digno dos melhores bares e baladas, onde costumamos beber a saudade das antigas paixões.

O clima do cenário e iluminação, aliás, remete justamente a esses ambientes, com o intérprete se valendo apenas de uma cadeira e violão, além do microfone.

Foto: André Nunes

Somos contemplados com as emblemáticas Amor Marginal – que Hooker compôs aos 15 anos, para um amor que morreu precocemente, aos 35 anos, de Covid-19 – Alma Sebosa, Volta, Corpo Fechado, Flutua e outras músicas de seu repertório.

Podemos matar a saudade de Marília vendo os novos arranjos para as inesquecíveis Infiel, Eu Sei de Cor, Amante Não Tem Lar, Alô Porteiro e De Quem É A Culpa?. Pode parecer estranho, num primeiro momento, pensar nessas canções na voz de outro intérprete. Mas a afinação e entrega de Johnny Hooker resolvem de pronto essa preocupação.

Foto: André Nunes

O repertório do show vai além e entrega duas surpresas que o público canta junto e aplaude de pé: Garçom, de Reginaldo Rossi; e Evidências, já no bis, o “hino nacional” popular brasileiro, de Chitãozinho e Xororó.

Clube da Sofrência é uma grata surpresa tanto para os fãs de Johnny Hooker, quanto os de Marília Mendonça e do gênero “dor de cotovelo” que tanto representa o povo brasileiro.

PS: Curitiba tem uma agenda cheia de shows em maio. Confira!

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