Haveria algum segredo para a jovialidade de gente do tipo Chloris Casagrande Justen, 91 anos, uma inquieta e eficiente dirigente de instituições culturais de ponta, ocupando, por exemplo, a presidência da Academia Paranaense de Letras (APL)?
Ontem fiz tal pergunta a essa mulher, tipo mignon (esbelta), bonita na sua terceira idade, um espírito otimista.
Ela diz que nem tem tempo para indagar sobre como está ocupando o talento do tempo:
– Quando estou sentada, simplesmente, trato de ir em busca de algum coisa a fazer. Tenho sempre muito a minha espera, diz Chloris que também preside o Clube Soroptimista do Paraná (é instituição internacional) e o Centro Feminino Paranaense de Cultura.
2 – FANI, ERASMO E OLÍMPIO
São grandes os frutos produzidos por Chloris, a começar por sua carreira no magistério. Fani Lerner, apenas lembrando um exemplo, esteve entre as discípulas de Chloris. Ela foi formada por gente nada menos, nada mais, que o pedagogo Erasmo Pilotto e o não menos respeitável padre Olímpio. Os dois estão na linha de frente dos grandes educadores paranaenses do século 20. Estão na História do Paraná, sem nenhum favor.
3 – NONAGENÁRIOS SAUDÁVEIS
O que posso garantir é que essa irradiante senhora, se não tem receita para longevidade com muita saúde e um inquebrantável espírito de luta – aposta muito no DNA.
Do lado materno, ufana-se, tem ótima herança genética, com nonagenários ancestrais que viveram com saúde e ativíssimos, donos de memórias prodigiosas.
De qualquer forma, registro, impressionado que estou com sua lucidez e com o espírito irrequieto que a identifica: ela não come carne. “E como muito pouco, mas de tudo”, observa.
Incômodos não parecem abalá-la, foi aprendendo a tirá-los de letra, com uma vida espiritualmente bem organizada, boa parte – acredita – resultado de um casamento “em que sempre fui muito amada”. É viúva do desembargador Marçal Justen.
4 – EXECUTIVA CULTURAL
Vou dar apenas um exemplo de quão rapidamente pode andar essa jovem nonagenária: em 2010 ela conseguiu um feito notável, exemplo a ser seguido por tantas instituições culturais e beneficentes que vivem em crises financeiras: conseguiu que uma construtora comprasse o terreno em que se localizava a então casa-sede do Centro Paranaense Feminino de Cultura, na Rua Visconde de Rio Branco, próximo à Rua Emiliano Perneta.
A empresa incorporadora ficou com a área, dando em troca os 3 primeiros andares de um moderno prédio. Lá agora o Centro tem espaço de 700 m2, com auditório, salas de reunião, biblioteca.
“E conseguimos recursos para que nos tornem autossuficientes”, explica, lembrando que o aluguel de espaços para outras organizações culturais, como o Clube Soroptimista e Academia Feminina de Letras vai garantindo os projetos do Centro.
5 – A ESTANTE PARANAENSE
E os projetos são muitos, todos com a devida marca de Chloris, que abre espaço para a discussão de temas atuais, a partir, por exemplo, de sessões de cinemas, em que as fitas dão margem a discussões que vão muito além do simplesmente “gostei” ou “não gostei”.
Outro notável é o da Estante Paranaense, espaço para obras paranaenses na Livraria Curitiba do Palladium.
No momento, o grande sonho de Chloris é ver consumada a instalação da Academia Paranaense de Letras (que ela preside também), no Belvedere do Salto São Francisco. Esse, aliás, um dos motivos de encontro que tem agendado para hoje com o vice-governador Flávio Arns. Na verdade, um dos 3 grandes compromissos da agenda de hoje dessa jovem agitadora cultural.