sexta-feira, 22 agosto, 2025
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Casa dos Pobres completa 70 anos de atenção a pessoas carentes

Redação e assessoria – Nesta quinta-feira (18), a Casa dos Pobres São João Batista completou 70 anos de fundação. Pela manhã, foi realizada uma comemoração com a presença do arcebispo emérito Dom Pedro Fedalto, prestes a completar 98 anos. Há exatos 70 anos, o jovem padre Pedro Fedalto, ordenado sete meses antes, abençoava a pedra fundamental da Casa dos Pobres São João Batista, instituição que há sete décadas presta serviços à sociedade, abrigando e assistindo pessoas em vulnerabilidade social.

A bênção foi estendida a pessoas, famílias, empresas e cerca de 50 funcionários que ajudam a manter a obra fundada em 1954 por Januário Alves de Souza e presidida há 35 anos pelo engenheiro curitibano Rafael Pussoli. “A solidariedade é o amor em movimento. Este é o nosso lema e vem sendo possível atendê-lo graças à rede de apoio que nos ajuda no dia a dia. Os recursos sempre são poucos diante do tamanho da tarefa. Mas o amor é enorme”, disse Pussoli, agradecendo a cada um que se somou ao trabalho da Casa dos Pobres São João Batista.

O maestro Anderson Nascimento e cantores do Coral da Paróquia do Bom Pastor cantaram durante a cerimônia. Em seguida, um café com produtos fabricados na cozinha da Casa dos Pobres foi servido aos convidados.

As doações em dinheiro, gêneros alimentícios, móveis, roupas e material de construção são essenciais para manter o atendimento que se tornou essencial na vida de Curitiba. Elas podem ser feitas na Rua Piquiri, 326, bairro Rebouças, pelo PIX chave CNPJ 76685627000195 e pela CC 888888-4 agência 3007-4 do Banco do Brasil.

Inicialmente criada para receber pessoas carentes que vinham em busca de tratamento médico na capital do Paraná, a Casa dos Pobres também abriga desde 1968 um Centro de Educação Infantil, que atende 174 crianças até 5  anos de idade, fornecendo cinco refeições por dia e todo o apoio pedagógico. Também mantém turmas de contraturno escolar para estudantes na faixa de 6 a 14 anos, dentro do projeto Crescer, um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos.

Crônica de José Carlos Fernandes

Em 2020, o jornalista, professor e cronista José Carlos Fernandes escreveu sobre a Casa dos Pobres:

Além da creche – cujas modestas instalações não devem em nada aos centros infantis da prefeitura –, o “complexo” tem uma ala para acolher mães com filhos pequenos e que tenham sofrido algum tipo de violência; quartos individuais para doentes empobrecidos; alas destinadas a acompanhantes de pacientes do interior do Paraná – e de outros estados – que venham a Curitiba para tratamentos em hospitais como o das Clínicas e o Erasto Gaertner.

Mais. Há padaria, um bazar de roupas tão multicolorido que mereceria ser palco de um ensaio fotográfico; e a ala desativada do povo da rua – tudo isso emoldurado pela produção de grafiteiros, convidados pela administração para ilustrar o ambiente. No meio desse caleidoscópio emerge uma mangueira gigantesca, cujas raízes atentam contra os pisos e ameaçam levar paredes a pique. “Cada vez que cai um galho é como se tivesse desabado uma árvore na nossa cabeça”, brinca Pussoli diante do ponto turístico do albergue. O outro é um “orelhão” do pátio, hoje peça arqueológica.

À revelia de tantos estímulos, a Casa dos Pobres São João Batista está a anos luz de ser um espaço profilático – um prendado convento de freiras, um casarão dos filmes de James Ivory. Há tantos corredores, atalhos e escadas ligando os prédios que é impossível não imaginar que delícia seria jogar pique-esconde ali. Ou, ao contrário, prever o pavor de cruzar aqueles corredores, sozinho, à noite, quando os forros de madeira estalam. As pinturas das paredes são renovadas, mas no ritmo de obra social – quando termina uma ala, a outra já descascou. E tem o chão, cedendo alguns centímetros a cada ano, por força do solo arenoso e de banhado do Rebouças “de baixo”, justo o que cresceu às margens do Rio Belém. Cada rodapé que descola é um fio de cabelo branco na cabeça de Pussoli.

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