Daniella Marques, presidente da Caixa, está na tropa de economistas de Jair Bolsonaro, enquanto Guilherme Mello, economista e professor da Unicamp, está na de Lula na disputa eleitoral pela Presidência
Daniella Marques, presidente da Caixa, está na tropa de economistas de Bolsonaro, enquanto Guilherme Mello, economista e professor da Unicamp, está na de Lula na disputa eleitoral
Nomes conhecidos dividem espaço com “novatos”. Guilherme Mello, que já havia liderado programa de Haddad, vira porta-voz das propostas petistas. Presidente da Caixa integra equipe de Bolsonaro
O GLOBO
Nesta eleição há uma disputa velada por angariar o maior número de apoios de economistas. Para fortalecer a corrida eleitoral no segundo turno, novos nomes passaram a dividir o debate de propostas com quadros que já assessoram os dois candidatos à Presidência da República.
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se cercou de uma lista eclética de economistas na elaboração de seu plano de governo e nas conversas com o mercado. Ao mesmo tempo em que aglutinou nomes historicamente ligados ao partido e à “Escola de Campinas”, o petista passou a contar com a ajuda de novos aliados com visões mais liberais sobre a economia.
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, aposta em nomes que o ajudaram na eleição de 2018, especialmente o ministro Paulo Guedes, mas também em novos conselheiros, muitos deles com cargos no governo, mas com influência crescente no Planalto.
Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator, é cotado para assumir a presidência do BNDES em um eventual governo Lula. Foto: Ana Paula Paiva/Valor Econômico
MELLO E GALÍPOLO
Na equipe de Lula, o principal rosto econômico da campanha petista hoje é Guilherme Mello. Economista de 39 anos, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), Mello já havia liderado o programa de Fernando Haddad na campanha de 2018. Agora, tem sido o porta-voz da plataforma lulista ao Palácio do Planalto, participando de entrevistas e debates.
Uma novidade no partido é a participação de Gabriel Galípolo na elaboração das propostas petistas. Tendo presidido o Banco Fator até 2021, Galípolo, hoje com 39 anos, é professor da UFRJ, pesquisador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e conselheiro da Fiesp.
O apoio declarado de economistas pesos-pesados como Arminio Fraga, Pérsio Arida e Henrique Meirelles — que na semana que vem participará de um ato com o ex-presidente, de quem foi presidente do Banco Central — acabou agregando novos interlocutores ao time petista. Arida e André Lara Resende (integrantes da equipe que criou o Plano Real), inclusive, têm colaborado com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, para a campanha do petista.
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto: maior interlocução com a campanha de Bolsonaro. Foto: Agência Brasil
DANIELLA E CAMPOS NETO
Do lado de Bolsonaro, Guedes, que foi fiador da campanha em 2018 e se tornou ministro da Economia, agora participa ativamente da campanha à reeleição. Quem também entrou de cabeça na campanha e é ouvido com frequência por Bolsonaro é Adolfo Sachsida, ex-assessor de Guedes e atual ministro de Minas e Energia. Sachsida virou ministro com o objetivo de reduzir o preço dos combustíveis, o que já foi uma dor de cabeça para o presidente e era visto como um problema para a campanha.
A presidente da Caixa, Daniella Marques, que foi assessora de Guedes, também tem se engajado na campanha à reeleição de Bolsonaro. Enquanto em 2018 ela não fazia parte diretamente do time bolsonarista, agora transita com facilidade no Palácio do Planalto e entre os governistas. Ela assumiu o cargo em julho deste ano, depois da demissão de Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual e moral contra funcionárias do banco.
Antes com atuação praticamente apenas nos bastidores, Daniella passou a fazer palestras e participar de eventos quase que diariamente com empresários e lideranças, além de ter uma presença massiva nas redes sociais. Ela ainda vem anunciando medidas recorrentemente após o primeiro turno. Ex-executiva do mercado financeiro, ela já é mencionada como possível substituta de Paulo Guedes num eventual novo governo Bolsonaro, caso o ministro não fique no cargo.
Quem também volta e meia é apontado para a cadeira de Guedes é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele não participou ativamente da campanha de 2018, mas agora tem se tornado um interlocutor mais frequente de Bolsonaro em temas econômicos. O chefe da autoridade monetária, por exemplo, foi ouvido pelo presidente durante toda a formulação da PEC Eleitoral, que aumentou temporariamente o valor dos benefícios sociais durante o período eleitoral e criou os auxílios a caminhoneiros e taxistas.