
“Enfant gaté”, Greca não aceita contrariedades, nem do assessor primeiro, Lucas. Por isso, Hotz foi a solução achada. Já Eduardo Pimentel fez também escolha certa, com Bruno Pessuti, com amplas relações no chamado povão e na Câmara. É herdeiro da capacidade de aglutinar pessoas que tem seu pai, Orlando.
Quem acompanha os bastidores da política sabe que um bom chefe de gabinete de um prefeito é aquele ajuda a máquina andar e faz com que o alcaide reinante fique em boas graças com o a sociedade, ao desatar nós da burocracia que, por vezes, emperram a vida de umas cidade. Ademais, o chefe de gabinete bom é aquele que serve de para-choque com os embates políticos, que batem às portas do prefeito. Ele tem de acalmar o meio político, às vezes fazendo o papel do algodão entre cristais.

Nessa semana que passou, tal como antecipou a arguta dona Matilde da Luz, foram se ajeitando as abóboras e dois chefes de gabinete, nomeados. Cristiano Hotz agora é o “capo di tutti capi” dentro da Prefeitura, cargo que assumiu ao ser nomeado como chefe de gabinete do prefeito Rafael Valdomiro Greca de Macedo . E Bruno Pessuti, ex-vereador, um bem equipado em formação de engenheiro, é o novo chefe de gabinete de Eduardo Pimentel.

HÁ QUE COMPARAR
A nomeação de Hotz e Pessuti fez dona Matilde da Luz olhar cada um e, inevitavelmente, comparar. São tipos diferentes: Bruno Pessuti, com tradição política, é extrovertido, sabe falar com o povo, sabe nome dos líderes comunitários e conhece bem as engrenagens da máquina pública; Hotz é a sombra que circula na política, sempre nos bastidores, especialista em achar saídas legais para os problemas, é expert no direito eleitoral (sempre presente em campanhas ).

Vem da escola de Giovani Gionedis e aprendeu muito na época do Beto Richa, ao se aliar como Deonilson Roldo (hoje um nome de quem os outrora amigos fogem como diabo da cruz…), dentre outros.
BAGAGEM DO ADVOGADO
Não se pode negar os méritos de Hotz. Ele tem se mantido em todos os governos municipais e estaduais desde 2001. São 20 anos de carreira, sendo sempre elogiado como um dos mais combativos advogados eleitorais. Ainda que não tenha a visibilidade do advogado Luiz Fernando Pereira, o Pereirinha, Hotz tem bagagem equivalente e o mesmo nível de eficiência que o companheiro de profissão. Acontece, esclareço, que Pereira é também um acadêmico, ajuda a fazer doutrina em Direito Eleitoral, e já teve entre seus clientes nomes como o de Lula, Gleisi…

Hotz foi advogado da bancada que cuidou das campanhas eleitorais de Beto Richa, sendo triunfante nos piores momentos dessas campanhas. Tem grande trânsito entre aqueles que fazem campanha,como o marqueteiro Marcelo Cattani.É próximo de Ricardo Barros, Luciano Ducci, Beto Richa, Deonilson Roldo (hoje em desgraça, às voltas com a Justiça e, dizem, “esquecido” até por Beto), diversos deputados estaduais e federais…

A indicação de Hotz tem a bênção de Giovani Gionédis e de Margarita Pericás Sansone (que os inimigos dela insistem em chamar de Aranha Marrom, tal sua capacidade de ferir mortalmente os opositores).
Os dois, GG e Margarita, sabem que Greca precisa alguém ardiloso, que não seja dominado pela lábia e birra do prefeito, o qual nunca escondeu ser um “enfant gaté”criado à sombra de 3 tias “que o paparicaram muito – Mafalda, Loli e Chiquita – almas santas”, na definição de dona Matilde.
Afinal, tantos cuidados com a escolha deve-se, antes de tudo, porque caberá a Hotz defender Greca nos casos em que o onipotência do alcaide vence a lógica e desconhece o ilegal…
“Isso acontece com muita freqüência, todo dia”, observa uma fonte da Secretaria de Governo, opinando enquanto olha, sorrateito,ao derredor, com medo de ser escutado por alguém do “cordão” do alcaide.
PESSUTI, UMA LUVA
Bruno Pessuti, o novo chefe de gabinete do vice-prefeito, Eduardo Pimentel Slaviero, também cai com uma luva na função. É um político que traz a herança familiar da política de Orlando Pessuti. O ex-governador era um mestre em manter fortes vínculos com seus eleitores, indo de batizado a funerais, visitando as pessoas e sabendo o nome de cada um que falasse com ele. Bruno é menos extrovertido que Orlando, mas é um político hábil e também tem boa memória, além de ser atencioso.
A escolha do ex-vereador foi providencial para Pimentel. Eduardo é um político de boas relações entre empresários, entidades de classe, profissionais liberais, mas tem um grande defeito: é pouco conhecido pelo povo.
E é aí que Pimentel tem a ganhar com Bruno. A expectativa é que Pessuti seja o chefe de gabinete que atraia os líderes comunitários, pessoas que serão primordiais daqui a 4 anos, quando Eduardo se candidatar a prefeito.
Bruno é um político agregador, sabe os caminhos das pedras da burocracia e também da Câmara Municipal, e quais serão os seus pares para fazer um trabalho conjunto. Tal como diz Dona Matilde da Luz: “As abóboras se assentaram e agora vamos ver como anda a charrete chamada prefeitura Municipal”.