segunda-feira, 29 setembro, 2025
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Brasil registra 45 suic*dios por dia; psicóloga alerta para sinais

Assessoria – Cercado de tabus, o suicídio é um tema delicado, mas que precisa ser tratado como prioridade de saúde pública. Ao contrário do que muitos imaginam, falar sobre o assunto é essencial para evitar novos casos e auxiliar na busca por tratamento adequado quando surgem os primeiros sinais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 720 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo, em média, um caso a cada 40 segundos.

Em 2021, o suicídio foi a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, dados recentes do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, foram registrados mais de 16,8 mil óbitos por suicídio no país, média de 45 casos por dia, número que se mantém em alta e reforça a urgência de tratamentos eficazes e prevenção. Um levantamento da Unicamp apontou que 17% dos brasileiros já pensaram seriamente em dar fim à própria vida e, destes, 4,8% chegaram a elaborar um plano.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de suicídio no Brasil aumentaram 43% em apenas uma década. Entre crianças e adolescentes, o crescimento também é alarmante. De 2013 a 2023, houve um aumento de 42,7% no número de suicídios nessa faixa etária.

Sinais, prevenção e tratamento

De acordo com Juliana Souto, psicóloga da Paraná Clínicas, é possível identificar sinais que podem indicar risco de suicídio, embora muitas vezes eles passem despercebidos. “Podemos pensar em sinais e sintomas muito claros em alguns transtornos mentais, como a depressão, ansiedade , bipolaridade o Toc. Na depressão  quando o paciente está muito desorganizado: sono com prejuízo, alimentação, esquiva dos relacionamentos,o desprazer em atividades rotineiras, a fala e o comportamento do paciente, denotam problemas. Muitas vezes, nesses casos, a pessoa fala sobre não conseguir continuar na mesma vida, de quanto a vida está difícil, de como é doloroso viver, o quanto se sente vazio sem prazer”, afirma a especialista. Frases como “vou me matar” ou “tenho vontade de morrer”, antes desvalorizadas, hoje precisam ser vistas como um grito de socorro.

A especialista destaca que a escuta ativa e o acolhimento são fundamentais nesses casos. “Quando a pessoa encontra espaço seguro para falar da dor, da história e da angústia, há mais chances de prevenção. Esse processo pode abrir portas para encaminhamento médico, apoio psicológico, prática de atividades físicas e fortalecimento dos vínculos familiares. Muitas vezes a família só descobre o sofrimento quando o paciente já tomou uma atitude extremada, por isso a escuta sem julgamento é essencial”, orienta a especialista.

A psicóloga da Paraná Clínicas reforça que a depressão pode sim ser tratada, ainda que não exista uma cura definitiva. “Há possibilidade de remissão dos sintomas, parcial ou total. Para isso, é indispensável o acompanhamento de profissionais qualificados, tanto no aspecto medicamentoso quanto terapêutico, além do suporte familiar. O envolvimento da família estimula o paciente a manter o tratamento, a retomar hábitos saudáveis e a enfrentar os sintomas.

Mitos e verdades

Apesar do avanço das campanhas de conscientização, muitos mitos ainda prejudicam a prevenção. Um dos mais comuns é acreditar que falar sobre suicídio aumenta o risco de que alguém cometa o ato. Na realidade, conversar sobre o assunto abre espaço para aliviar tensões e ajuda na busca por um tratamento adequado.

Outro mito recorrente é a ideia de que pessoas que falam sobre a intenção de morrer não levam isso a sério. Grande parte das pessoas que pensam em suicídio dá sinais ou verbaliza suas intenções. Ignorar isso é extremamente arriscado.

Também não é correto afirmar que todos os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm transtornos mentais graves. Embora seja frequente a associação, há casos em que não há diagnóstico clínico, mas sim situações de sofrimento intenso.

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