
Folha de S.Paulo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou não ter se vacinado contra a Covid e fez críticas aos imunizantes em entrevista à TV americana Fox News, exibida na noite desta quinta (30). Na conversa, ele também minimizou a existência de racismo no Brasil, o desmatamento na Amazônia e fez críticas à esquerda e ao ex-presidente Lula (PT).
“Se alguém já contraiu o vírus, a vacina realmente não ajuda. A vacina seria inócua. Foi o meu caso. É porque eu não tomei a vacina. Mas comprei vacinas para todos os brasileiros”, disse o presidente, em conversa com o apresentador Tucker Carlson.
Especialistas, porém, recomendam que pessoas que tiveram Covid também se vacinem, pois a imunidade garantida pelas vacinas é superior à gerada pelo contágio pelo vírus.
“ÚNICO LÍDER NÃO VACINADO”
Carlson, 53, um dos principais âncoras da Fox News, maior canal de notícias dos EUA dedicado ao público conservador, descreveu Bolsonaro como o único líder mundial que assumiu não ter se vacinado, em tom de elogio.
O presidente disse ter ficado incomodado com a questão de que as fabricantes não se responsabilizavam por eventuais danos colaterais. Em 2020, o governo brasileiro demorou a fechar a compra de imunizantes. Desde o início da crise, o país soma 671 mil mortes pela Covid-19.
“Eu não pedi que as pessoas se vacinassem. Eu respeito a liberdade individual. Cada um é livre para se vacinar ou não. E eu acredito que cerca de 20% dos brasileiros decidiram não tomar a vacina”, prosseguiu. O presidente voltou a defender remédios que não têm eficácia contra a Covid, como a cloroquina e a ivermectina.
RACISMO E AMAZÔNIA
Em seguida, Bolsonaro comentou sobre o preconceito contra negros. “Há racismo sim no Brasil, mas não como é frequentemente descrito. A maioria dos nossos jogadores de futebol é descendente de africanos. Sem problemas”, prosseguiu.
O presidente também minimizou o desmatamento na Amazônia, e disse que o uso de mais tecnologia ajudará a monitorar e proteger a floresta. “Não dependemos do interesse internacional em preservar a Amazônia. É de nosso próprio interesse e, é claro, queremos que esses esforços de preservação sejam recompensados de alguma forma, por meios como créditos de carbono”, afirmou.
