Assessoria – A Confraria de Conselheiros e Governança, entidade fundada em Curitiba em junho deste ano, alerta a população sobre os riscos enfrentados por empresas que não contam com sistemas efetivos de governança corporativa. O posicionamento ocorre após a revelação das fraudes bilionárias envolvendo o Banco Master, caso que evidencia falhas graves na estrutura de supervisão e na atuação de conselhos e comitês internos.
Para a Confraria, o episódio demonstra que mecanismos formais, quando não operam com independência e autonomia, tornam-se apenas instrumentos decorativos. “Um sistema de governança corporativa pode evitar fraudes quando há independência técnica dos seus agentes, como conselhos e comitês. No caso do Banco Master, o que se percebe é que todos esses mecanismos existiam formalmente, mas não funcionaram na prática, cenário comum em outros casos de fraudes financeiras”, afirma Wolney Pereira, diretor financeiro e conselheiro da Confraria.
O presidente da entidade, Idevan Lopes, reforça que a fraude não decorre de ausência de estruturas no papel, mas da inexistência de governança na prática. “O caso do Banco Master evidencia um tipo de organização estruturada para funcionar sem governança. Fica clara a ausência de conselhos, comitês, controles e instâncias de decisão. Criaram um ‘Comitê de Notáveis’, que tinha uma função estética e de marketing. Isto não se confunde com governança. Era um mecanismo de prestígio, não de controle”, afirma.
Lopes complementa que práticas sólidas de governança pressupõem fundamentos objetivos: “Governança prevê separação de papéis, transparência, controles distribuídos, decisões justificadas e supervisão efetiva”, garante.
Para João Martins Felcar, confrade e membro do IBGC, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, a omissão regulatória também precisa ser discutida. “Na minha opinião, sim. É inconcebível que o Banco Master tenha atuado de forma tão agressiva no mercado sem que a autoridade monetária tivesse tomado providências. Certamente, se aplicados os mecanismos de controle e acompanhamento, de forma proativa, não estaríamos vivendo a situação atual. O que deve ser apurado, em dias futuros, é se essa negligência foi deliberada ou não”, ressalta.
Prejuízos à sociedade
Além do impacto econômico, a Confraria destaca que a fragilidade de controle em instituições financeiras afeta diretamente a sociedade. Cláudio Matrajt, sócio-fundador e diretor-geral da consultoria de RH Being1Group, reforça a necessidade de ampliar o rigor regulatório: “O sistema financeiro no Brasil, comparado com outros na América Latina, está bem desenvolvido, porém bancos menores e demais organizações financeiras precisam de mais regulação para evitar problemas que podem afetar as pessoas físicas, que são quem acaba pagando a conta”, pondera.
A Confraria de Conselheiros e Governança seguirá acompanhando os desdobramentos do caso e reforça que a adoção de governança corporativa não pode ser apenas um item de reputação, mas um mecanismo essencial para prevenir fraudes, proteger investidores e assegurar a sustentabilidade das organizações.
