Poucas pessoas estão escrevendo com tanta precisão e senso de oportunidade a história das atividades culturais do Paraná quando o homem de comércio Darci Piana.
Pois Piana, como presidente da Federação do Comércio do Paraná, poderia ter limitado suas ações ao atendimento essencial do SESC/SENAC. E já teria, assim, se notabilizado só por isso. Mas foi e fez além do pedido, direcionando o poder de aglutinação e parte dos recursos da Fecomércio para que ela exerça um amplo papel supletivo ao do poder público; especialmente diante de carências materiais notórias que caracterizam áreas como a da Secretaria Estadual de Cultura. Recordo que um dos marcos mais definitivos da vida cultural de Curitiba, por exemplo, é hoje o Paço da Liberdade, instalado na Praça Generoso Marques, ocupando a antiga sede da Prefeitura Municipal. O endereço é responsável por garantir “nova vida” à área em que se localiza.
2 – NOS 80 ANOS
Na verdade, há vários outros marcos da Fecomércio, pelo Estado todo. Um deles, o espaço com que provisoriamente a Academia Paranaense de Letras se abriga, na sede da Federação.
Faço questão de registrar – de forma especial – aquele que será o evento cultural mais significativo do ano de 2014, em termos de conquista de novo endereço: o SESC-Cadeião, de Londrina, a ser inaugurado em 10 de dezembro, dia em que a cidade estará celebrando 80 anos.
3 – SALVO DA DEMOLIÇÃO
O velho cadeião, na central Rua Sergipe, de Londrina, ficou por 15 anos tendo várias ocupações, depois de, antes, por dezenas de anos, acolher prisioneiros provisórios.
Num certo tempo, em 1994, administradores públicos com pouco discernimento para as coisas culturais, enfim capitularam à sanha dos que queriam simplesmente demolir o prédio histórico. E o Cadeião, um dos marcos arquitetônicos e parte da História de Londrina, começou a ser colocados por terra.
“Na verdade, o trator que lá foi para demolir, chegou a tirar uma lasca do prédio”, lembra Ernani Buchmann, recordando que a demolição foi comandada pessoalmente pelo então secretário de Segurança daqueles dias. “Ele estava ao lado do tratorista”.
4 – DOMINGOS PELLEGRINI
– O pior não aconteceu porque dois londrinenses da melhor cepa, Marcos Barnabé e Domingos Pellegrini, ficaram na frente do trator, de braços dados. E o tratorista, vencido, saiu-se com a expressão antológica, ‘contra gente eu não posso ir’ – recorda ainda Ernani.
O Cadeião-SESC nasceu como resultado de cessão que a Prefeitura de Londrina fez à Fecomércio. E com isso garante-se um endereço que, com a readequação de espaço, terá auditório, centro de exposições, teatro, solarium, café…
Sem esquecer que a equipe de arquitetas, comandada por Ângela Klawa, preservou duas celas, mantendo até pichações.