Assessoria – O ex-policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi condenado nesta quinta-feira (13) pelo assassinato de Marcelo Arruda, em 9 de julho de 2022. O júri entendeu que a condenação deveria ser agravada pelas qualificadoras de motivo fútil – causado por motivação política- e perigo comum (potencial para matar outras pessoas no mesmo local).
Após decisão do júri, a juíza Mychelle Pacheco Cintra Stadler sentenciou o réu a uma pena de 20 anos em regime fechado. Arruda foi assassinado em 2022, quando comemorava 50 anos, durante uma festa que tinha como tema de decoração o PT e o então candidato Lula.
Jorge José da Rocha Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) à Justiça por homicídio doloso duplamente qualificado por motivo fútil e perigo comum. A acusação foi feita pelas promotoras de Justiça Roberta Franco Massa e Ticiane Louise Santana Pereira, que atuam na Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos Contra a Vida.
A equipe de assistência de acusação foi composta pelos advogados Andrea Pacheco Godoy e Daniel Godoy, Paulo Henrique Guerra Zuchoski, Alessandra Raffaeli Boito e Rogério Oscar Botelho.
“Justiça foi feita. Essa decisão é uma sinalização para toda sociedade que o judiciário não vai tolerar o ódio e a intolerância. A sociedade não pode se transformar em um bando de selvagens”, afirma Daniel Godoy.
Provas
Durante o julgamento, a acusação demonstrou, com testemunhos e provas, que o crime não teve motivação comum e Guaranho entrou no local da festa em uma área reservada da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu com a intenção de matar Arruda justamente por não concordar com as convicções políticas da vítima.
De acordo com a denúncia do MP-PR, o réu– desconhecido da vítima e familiares – se aproximou da porta do salão de festas de carro, com o som do veículo em alto volume, reproduzindo uma música de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. Pelo relato das testemunhas, Guaranho estava em um churrasco com mulher e filho e soube que o festejo de Marcelo tinha como tema decorativo o Partido dos Trabalhadores e o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Aos gritos de “Bolsonaro” e “mito”, o réu, que estava acompanhado da esposa e do filho – um bebê de colo – ameaçou Arruda mostrando que estava armado e afirmou que voltaria para matar a vítima.
Minutos depois, Guaranho retornou ao local da festa, sozinho, disparou contra o alvo e convidados ainda da porta do salão. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança, com imagens que mostram toda a cena, inclusive que a vítima tentou se esconder debaixo de uma mesa, onde foi alvejada à queima roupa.
Mesmo que Marcelo Arruda nunca mais esteja perto de seus familiares e amigos, o resultado representa uma sensação de justiça. “São 20 anos de condenação a uma pessoa que transformou nossas vidas. Que trouxe muita dor e sofrimento para todos nós. Hoje saímos daqui sem o Marcelo. Mas sabendo que a Justiça existe e que a verdade prevaleceu”, declara Pamela Silva, então companheira de Arruda na época do assassinato.
Durante todo o julgamento, manifestantes se concentraram na frente do Tribunal do Júri, que fica no Centro Cívico, em Curitiba, pedindo justiça pela morte de Marcelo Arruda.
A decisão acaba com uma espera de quase três anos da família por justiça. “Desde o início, tínhamos plena convicção no trabalho do Ministério Público e da Assistência de Acusação. Sabíamos que fariam um trabalho impecável. E assim foi feito”, avalia o filho mais velho de Arruda, Leonardo Arruda Filho.