Agência DW – O Titanic era o maior navio do mundo em 1912 e tido como inafundável. Como se sabe, afundou na viagem inaugural, cinco dias depois de partir de Southampton, no Reino Unido, com destino a Nova York. Agora, cinco pessoas estão desaparecidas, junto com o submersível Titan, que as levaria às profundezas do mar.
O mito Titanic fascina e atrai pessoas de todo o mundo – muitas delas pesquisadoras, mas também muitos curiosos e, nos últimos anos, cada vez mais turistas. “Deixar o cotidiano e descobrir algo realmente extraordinário”: é com esse slogan que a empresa OceanGate atrai turistas para suas expedições até a carcaça do Titanic, a 3.800 metros de profundidade, no norte do Oceano Atlântico.
Turismo para ricos
Uma expedição de oito dias oferecida pela OceanGate, incluindo um mergulho de cerca de oito horas até o Titanic, custa até 250 mil dólares. Por esse valor, só mesmo turistas de muitos recursos financeiros podem se aventurar a bordo do submersível.
De fato, a bordo do veículo desaparecido estão o bilionário britânico Hamish Harding, de 58 anos, assim como o empresário britânico-paquistanês Shahzada Dawood, de 48 anos, e o filho dele, Suleman, de 19 anos. Eles são de uma das famílias mais ricas do Paquistão e moram no Reino Unido.
As buscas estão sendo feitas tanto na superfície, para o caso de o submersível ter retornado, como com sonares para tentar localizar a embarcação embaixo da água.
Buscas ainda sem resultado
Segundo o capitão da Guarda Costeira dos Estados Unidos Jamie Frederick, até a noite de terça-feira (horário local), as guardas costeiras haviam feito buscas numa área de 20 mil quilômetros quadrados, sem resultados.
Na manhã desta quarta-feira, a Guarda Costeira americana afirmou que um avião canadense P-3 detectou sons subaquáticos, aumentando as esperanças de que os desaparecidos sejam resgatados com vida. O oxigênio disponível no submersível deverá acabar nesta quinta-feira.
Como já afirmou o comandante da Guarda Costeira dos EUA, contra-almirante John Mauger, é um desafio conduzir uma busca numa área tão remota.
Dificuldades do resgate
As condições são adversas: o fundo do mar no local onde o Titanic está, há 3.800 metros de profundidade, é completamente escuro, e a pressão da água é muito elevada.
“Numa profundidade como essa, um sistema de busca por sonar precisaria ser especializando num feixe muito estreito, mas com frequência alta o suficiente para detectar um submersível tão pequeno”, explica o geocientista britânico Jamie Pringle, da Universidade de Keele.
No caso do Titan, há duas possibilidades: ele ter retornado à superfície e estar à deriva ou ele estar nas profundezas do mar.
“Se o submersível, ao contrário do esperado, tiver voltado à superfície e não estiver sendo localizado devido a sua reduzida borda livre [a altura da parte não submersa], as chances de ser encontrado são reais”, diz a Marinha alemã à DW. “Porém, num caso como esse, um sinal de emergência teria sido enviado.”
Se o Titan, porém, estiver no fundo do mar, fica muito mais difícil encontrá-lo e resgatá-lo. O fundo do mar é muito acidentado, a plataforma continental cai abruptamente e as correntes marinhas são fortes. Além disso, a água do mar impede a maioria das opções de comunicação.
“Infelizmente a água do mar bloqueia muito rapidamente a transmissão [de ondas eletromagnéticas] embaixo da superfície”, explica o especialista australiano Eric Fusil, da Universidade de Adelaide. Tanto radares e GPS como projetores de luz e raios laser são absorvidos depois de poucos metros.