
No dia 13, segunda-feira, a notícia estourou como uma bomba entre os centenas e centenas de pais de alunos e estudantes diretamente interessados: a Escola Anjo da Guarda, uma das mais sólidas referencias da educação fundamental de Curitiba – fundada pela histórica educadora Vera Miraglia – em 2018 passará a atuar em associação com os educadores Maristas. Assim, ano que vem, a escola, em novo endereço, será denominada de Marista -Anjo da Guarda.
Segundo nota oficial no site do educandário, a alteração será apenas no nome. O projeto pedagógico continuará amplo e, espera-se, que continue a formar cidadãos muito especiais como tem acontecido até agora.
LÁGRIMAS
Ouvi de pais de alunos, amigos meus, assim como de seus filhos, manifestações de perplexidade. Um desses alunos, LU, filha de educadores, chorou ao ser informada da mudança. Teme pela “desconstrução” da pedagogia que Vera e suas companheiras lá implantaram, há 55 anos e que foi cativando gerações.
No epicentro do projeto do Anjo da Guarda está a frase-chave da casa, que resume uma proposta educacional insubstituível: “Eu sou alguém, eu respeito os outros e quero que os outros me respeitem.” E esse respeito é muito mais do que retórica no Anjo da Guarda, está visível na sala de aula, nas atividades extraclasse, na recreação, no relacionamento mestres-alunos, no direito ao livre pensar do aprendiz.
CRISES
O noticiário no site da escola resume-se no frio de uma nota oficial.
Fala das dificuldades que a escola vem há anos encontrando, tanto do ponto de vista de infraestrutura – prédio velho, dificuldade de acesso por carros, limitações de espaço – até questões que abalam empresas brasileiras em geral, como as de ordem fiscal, ajustes financeiros e administrativos necessários.
Há cinco anos o grupo liderado pela educadora Vera Miraglia vinha procurando parcerias que, com base em respeito aos princípios que norteiam a escola, garantissem a continuidade do projeto.
Uma das marcas do Anjo da Guarda reside na “suave” sugestão de valores espirituais/cristãos de solidariedade, fraternidade, apoio ao próximo, que permeiam o dia a dia da escola.
Com longa tradição como educadores, os irmãos maristas, membros de congregação religiosa católica nascida na Revolução Francesa, assumirão em 2018 a gestão da escola, em novo endereço, no bairro de Santa Felicidade, próximo ao Parque Tingui.
NADA MUDA
Da nota oficial, acho oportuno transcrever essa promessa de dona Vera Miraglia e suas companheiras:
“Em uma nova estrutura no bairro Santa Felicidade, próxima ao Parque Tingui, essa parceria prevê a manutenção dos professores do Anjo da Guarda, que carregam nossos valores e são parte essencial do nosso trabalho. Luci, Jefferson e nós duas – Vera e Kika, também vamos fazer parte do novo projeto. A base da grade curricular continuará a mesma e haverá uma melhoria ao acesso de novas tecnologias. Outra novidade é a incorporação do Ensino Médio. Para o ano de 2017, asseguramos que nada mudará no Anjo.”
TESTEMUNHOS
O casal Cícero Urban e Linei Delle Urban, médicos, ele também educador universitário, mostrava-se “perplexo” no dia 13. E até este dia 16 não decidiu sobre a permanência ou não dos dois filhos no Anjo da Guarda.
Já o jornalista Fábio Campana, um campeão privilegiado conhecedor da vida curitibana, lamentou muito o que chamou de “fim do Anjo da Guarda”.
Com calma, expliquei-lhe que o projeto de dona Vera deverá continuar, com os Maristas, já que eu lhe transmiti em primeira mão a notícia.
Campana contou que seu filho e de Denise Camargo, Rubens Camargo Campana, diplomata servindo na embaixada do Brasil em Washington, sempre quando vem a Curitiba visita o Anjo da Guarda. “É um exercício afetivo que o leva aos melhores momentos de sua infância”, diz Campana.
Ainda segundo o jornalista, o mesmo se dá com a filha do casal, Isabel, hoje estudante universitária de alemão em Viena, onde mora com o marido, Lucas, diplomata servindo na embaixada na Áustria: “Isabel é outra mesmerizada pela educação ofertada por Vera Miraglia”.
