Para especialistas, crise bancária americana pode levar o Banco Central a frear política monetária no Brasil e contribuir para solucionar embate entre a entidade e o presidente Lula
Agência DW
A falência do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos gerou temores no mercado financeiro global. A preocupação é que a crise bancária americana se agrave e afete outros países, inclusive o Brasil.
Após o colapso do banco americano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a falência do SVB como “menos turbulenta do que imaginávamos” e afirmou que estar conversado sobre o assunto com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária se reúne também para definir os rumos da política monetária.
Para especialistas ouvidos pela DW Brasil, a crise bancária americana pode impactar a taxa básica de juros no Brasil e, ainda, resolver o embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Banco Central. A Selic em 13,75% foi alvo de críticas de Lula, que disse “não haver explicação ” para o patamar definido pelo BC.
Na avaliação de Rafael Schiozer, especialista em Finanças da FGV-SP, os efeitos da crise bancária dos EUA no Brasil estão diretamente ligados aos próximos passos do Fed, o banco central americano. Para ele, se não houver elevação dos juros nos Estados Unidos, os títulos brasileiros ficam mais atrativos para investidores que estejam buscando taxas mais altas.
“Isso pode ser boa notícia para o Brasil e permitir que o BC diminua os juros sem se preocupar com uma fuga de capital “, explica Schiozer.
No entanto, acrescenta o economista, se a situação se agravar, num pânico generalizado que afete outras instituições financeiras, isso pode causar fuga de investimentos no país. “Pode haver uma tendência dos investidores de tirarem dinheiro do mercado emergente para colocar em mercados mais seguros, no que é chamado ‘flight to safety’. O Brasil pode acabar sofrendo com isso, mas não acho que esse seja o cenário mais provável “, avalia.