terça-feira, 11 fevereiro, 2025
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ALÉM DA THE INTERCEPT: QUEM ESTÁ POR TRÁS DE O ANTAGONISTA?

Diogo Mainardi: sócio; banqueiro Daniel Dantas: lobby; Paulo Henrique Amorim

Esta coluna/blog não busca tomar partido de A ou B, muito menos entrar na “briga de torcidas” que se converteram as redes sociais, defendendo a Lava Jato ou atacando a força tarefa. Digo isso pois, da mesma forma que abri espaço para questionar quem é o bilionário que financia a The Intercept, acho válido “levantar a lebre” do portal O Antagonista.

Os dois veículos são geradores, tudo indica, uma grande fonte de renda, e não podem passar “atestado” de que apenas lutariam “com muitas dificuldades”, para transmitir “verdades” da esquerda petista ou da direita bolsonarista.

Por isso, sugiro: leiam, a seguir, alguns trechos de matéria do Le Monde Diplomatique de 26/10/2018 sobre o tema, ainda no contexto das eleições presidenciais. Para quem tiver interesse, a íntegra pode ser acessada no link: https://diplomatique.org.br/midia-antipetista-por-tras-do-portal-o-antagonista

PORTAL ANTIPETISTA

“Divulgação exclusiva de vazamentos de interrogatórios de Sérgio Moro, publicação de inúmeras notas curtas com ataques ao PT e atuação como assessoria de imprensa para a extrema-direita brasileira: o portal antipetista despontou como referência da mídia bolsonarista. Quem está por trás dele? As relações identificadas abrangem empresas norte-americanas e acusações de prática de crimes financeiros. Confira o oitavo artigo da série especial Proprietários da Mídia no Brasil:

PRÓ-BOLSONARO 2018

“Nestas eleições de 2018, o portal O Antagonista ganhou destaque ao se prestar ao serviço de “assessoria de imprensa” informal da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. Como ele é um dos dez sites noticiosos brasileiros mais acessados em 2017, é pertinente investigar seu papel na ascensão da extrema-direita no país, assim como os interesses que motivam a empresa na defesa da candidatura de Bolsonaro e na construção de um imaginário antipetista no Brasil.

DA VEJA AO PORTAL

O Antagonista foi criado em 2015 por Diogo Mainardi e Mário Sabino. Seus criadores vieram da revista Veja, da qual Mainardi foi colunista (1999-2010) e Sabino, redator-chefe (2004-2012).

A Veja, durante o período em que Sabino ocupou a chefia de redação, teve sua linha editorial marcada pelo antipetismo e pela guinada ultraconservadora, com ataques constantes aos governos Lula e Dilma.

Sobretudo à época, Mainardi escreveu inúmeras críticas a Lula – incluindo o livro “Lula é minha anta”, de 2007 –, ao governo, à esquerda política e ao PT. Mainardi segue a mesma linha discursiva em suas participações no programa de debates Manhattan Connection, da Globo News, também de linha editorial conservadora, e nos textos que escreve para O Antagonista.

MAINARDI E O WIKILEAKS

Mainardi, vale lembrar, foi mencionado em telegrama do WikiLeaks como fonte do cônsul norte-americano no Brasil, comentando conversas com o então candidato a presidente José Serra (PSDB), em 2010. Já foi acusado de fazer lobby empresarial ao banqueiro Daniel Dantas e processado por calúnia e difamação diversas vezes, chegando a ser condenado nos casos de ofensas aos jornalistas Franklin Martins (ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência) e Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada (NB: morto na semana).

EMPIRICUS E THE AGORA

Conforme o levantamento do Media Ownership Monitor de 2017, a propriedade do site é dividida assim: 50% pertence à empresa Empiricus Research, 30% a Diogo Mainardi e 20% a Mario Sabino. A Empiricus, por sua vez, tem como sócios o grupo The Agora, Inc. (de Baltimore, Estados Unidos) e a empresa brasileira Sextus Empreendimentos e Participações, de propriedade de Caio Cesar de Arruda Mesquita, Felipe Abi-Acl de Miranda e Rodolfo Cirne Amstalden. A The Agora é uma holding fundada em 1978. Ela opera uma rede de publicações de finanças, saúde e viagens, entre outros temas, focados especialmente em newsletters.

Lula e Dilma: alvos constantes

A Empiricus Research, por sua vez, é uma consultoria especializada na venda de informações por meio de newsletters. Possuía, no ano passado, 180 mil assinantes. Seus criadores defendem o “politicamente incorreto” e usam estratégias controversas de promoção. A empresa ganhou projeção após o vídeo “O fim do brasil” (de 2014), patrocinado para exibição nas redes sociais e anúncios do Google.

PROCESSOS E CONDENAÇÃO

Em 2012, a empresa foi condenada pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) por ter chamado o diretor de Relações com Investidores da Marfrig de “executivo metido a besta e enólogo de araque”.

Outros anúncios na internet, como “LUCRE 41 POR CENTO EM APENAS 40 DIAS” e “COMO TRANSFORMAR R$ 1.000 EM MAIS DE R$ 150.000 EM 32 DIAS” renderam processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na própria Apimec, além da abertura de investigação pelo Ministério Público Federal (MPF).

Há um ano, seus analistas foram suspensos pela Apimec. Desde então, travam uma disputa com a CVM. Por conta disso, a empresa mudou seu registro de consultoria de investimento para empresa de comunicação, e parece ter assumido os problemas éticos de sua atuação no mercado financeiro como padrão de sua atuação jornalística.

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