(por Antonio Carlos da Costa Coelho)
Fazia algum tempo que não visitava o cemitério Água Verde. Uma desolação. Primeiro, há alguns anos, o furto dos objetos em bronze, o que fez com que muitos túmulos não apresentem mais indicação do nome da família e dos falecidos. Hoje o lixo e o mato tomaram conta das ruas do campo santo. Também não há vigilância, aliás, se algum dia houve, não a vejo desde o tempo em que minha avó cuidava do túmulo que hoje a abriga.
Mas não se pode culpar somente a Prefeitura [de Curitiba]. Os proprietários de túmulos esqueceram seus mortos. Jazigos, antes bem cuidados, hoje estão sob o mato e o pó. Alguns destruídos pelos ladrões do bronze tem suas pedras tumulares quebradas há anos.
Cemitério Água Verde
Estou certo de que esse abandono, por parte dos proprietários, merece um demorado estudo. Talvez eles não esperem ir para o cemitério da Água Verde quando morrerem. Talvez já tenham adquirido uma cova num campo verde onde a realidade final é disfarçada por um lindo campo de paz onde as almas poderão saltitar ao luar. Mas só aquelas de muita luz. Ou, quem sabe, seguirão o rito pagão da cremação. É, talvez sejam estes os motivos do esquecimento dos jazigos dos pais e avós. Quanto ao abandono por parte da prefeitura, não precisa de estudo. É desleixo mesmo.