Assessoria – A entrada da Indonésia no BRICS, oficializada em janeiro de 2025, marca um novo capítulo no agrupamento de países do Sul Global. Agora com 11 membros, o grupo expande sua influência geopolítica e econômica, reunindo economias com dinâmicas diversas, mas comprometidas com a promoção de uma ordem mundial multipolar mais equitativa, justa, democrática e equilibrada.
Criado como BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o grupo ganhou o “S” com a entrada da África do Sul em 2011. Em 2023, avançou ainda mais ao incorporar Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Com a chegada da Indonésia, consolida-se como uma potência coletiva respondendo por 39% do PIB global (paridade de poder de compra), 48,5% da população mundial e 24% do comércio internacional.
Em 2025, vários países demonstraram interesse em integrar o BRICS, incluindo a Bolívia, Belarus, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, que foram anunciados como “países parceiros”. Nesse cenário em transformação, os profissionais brasileiros precisam desenvolver habilidades específicas para aproveitar as oportunidades que surgem nesse ambiente dinâmico e complexo.
Elizabeth Ribeiro Martins, coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão Internacional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), destaca que a atuação no contexto do BRICS exige muito mais do que conhecimento técnico sobre comércio exterior. “Mais do que habilidades técnicas, destaca-se a importância das competências interculturais. Compreender costumes, idiomas, valores sociais, sistemas jurídicos e práticas culturais dos países do BRICS permite uma comunicação global eficaz, facilitando o alinhamento de interesses e a construção de parcerias sólidas em ambientes multilaterais”, explica.
Competências essenciais para atuar no novo BRICS
Diante da expansão do agrupamento, algumas competências se tornam fundamentais para os gestores internacionais brasileiros. O domínio de comércio e investimentos é a base, mas deve ser complementado por uma visão aprofundada das dinâmicas regionais. A China, por exemplo, é o maior parceiro comercial do Brasil, mas a relação vai além da exportação de commodities — envolve tecnologia, infraestrutura e até cooperação em inteligência artificial. Já a Indonésia, novo membro, oferece oportunidades no setor de mineração (especialmente níquel, crucial para a indústria de baterias) e no agronegócio sustentável.
Outra habilidade crítica é a diplomacia econômica. O BRICS não é apenas um fórum de discussão; é um espaço em que se negociam acordos comerciais, parcerias em infraestrutura e até moedas alternativas para reduzir a dependência do dólar.

“Com o Brasil assumindo em 2025 a liderança do BRICS sob o eixo da cooperação energética e da eficiência sustentável, cresce ainda mais a necessidade de profissionais capacitados a atuar com visão estratégica em projetos internacionais, capazes de aplicar soluções sustentáveis e tecnologias inovadoras em negócios globais”, afirma Elizabeth.
“Profissionais preparados para este novo cenário serão protagonistas na construção de pontes entre mercados emergentes e na consolidação de uma nova governança internacional mais equilibrada e inclusiva”, complementa a coordenadora.
Além disso, a capacidade de articular interesses entre países com prioridades distintas — como a Rússia, focada em energia, e a Índia, em tecnologia — será cada vez mais valorizada. A inovação e a adaptação tecnológica também são pilares essenciais. A Indonésia, por exemplo, tem um ecossistema de startups em rápido crescimento, enquanto a China e a Índia lideram em áreas como 5G e biotecnologia.
Jogo geopolítico
A presidência brasileira do BRICS em 2025 coloca o país em uma posição estratégica para influenciar a agenda do grupo. Entre as prioridades estão a cooperação em segurança alimentar, energias renováveis e reforma das instituições financeiras globais. “O Brasil pode ser uma ponte entre o Sul Global e as economias desenvolvidas, mas, para isso, precisa de profissionais qualificados que saibam navegar nesse tabuleiro complexo”, avalia Elizabeth.
A entrada da Indonésia no grupo também abre novas frentes de colaboração, especialmente em tecnologia digital e logística. O país asiático controla rotas marítimas críticas, como o Estreito de Malaca, e tem interesse em parcerias que fortaleçam sua infraestrutura portuária. Empresas brasileiras de logística e agronegócio podem se beneficiar — desde que estejam preparadas para atuar com inteligência cultural e conhecimento técnico.
Oportunidades para os emergentes
A expansão do BRICS sinaliza uma mudança irreversível na ordem global, com os países emergentes ganhando cada vez mais espaço. Para o Brasil, isso representa uma oportunidade única de ampliar sua influência e diversificar suas parcerias econômicas. No entanto, aproveitar esse potencial exigirá profissionais com visão estratégica, capacidade de adaptação e domínio das ferramentas da gestão internacional.
“O BRICS não é apenas um foro de articulação política e diplomática, mas também uma plataforma essencial para a cooperação multilateral, permitindo o diálogo sobre temas centrais da agenda internacional e o fortalecimento de posições comuns que visam democratizar, legitimar e equilibrar a ordem global. Os profissionais que entenderem isso estarão à frente nessa nova era”, conclui Elizabeth.
O movimento de expansão amplia o alcance territorial do BRICS, que agora cobre cerca de 36% do planeta, com presença em todos os continentes e maior inserção no Oriente Médio e na África. Além disso, o agrupamento detém 72% das reservas mundiais de minerais de terras raras, 43,6% da produção global de petróleo, 36% da produção de gás natural e 78,2% da produção de carvão mineral, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA).
No comércio exterior brasileiro, os efeitos são significativos. Em 2024, o BRICS foi o destino de USD 121 bilhões das exportações brasileiras, o que representa 36% do total, e a origem de USD 88 bilhões das importações, equivalentes a 34% do total importado, segundo dados do ComexVis. A corrente de comércio Brasil–BRICS totalizou USD 210 bilhões, respondendo por 35% do comércio exterior brasileiro.
Preparação
O curso de Gestão Internacional da PUCPR foi estruturado para capacitar profissionais a atuarem nesse ambiente multifacetado. Por meio de estudos de caso, simulações de negociações e análises de cenários, os alunos desenvolvem habilidades práticas para lidar com as complexidades do BRICS. Informações sobre o curso Tecnologia em Gestão Internacional e como a formação pode transformar carreiras em um cenário globalizado podem ser encontradas na página oficial do curso: https://digital4d.pucpr.br/