Karoline Albini Schast* – No quadro atual da economia brasileira, a cesta básica é um elemento crucial para compreender o acesso da população a itens essenciais para sua sobrevivência, sendo a base fundamentadora para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à alimentação. Recentemente, testemunhamos uma significativa transformação na composição dessa cesta, trazendo mudanças tangíveis nos produtos incluídos, alterações nutricionais substanciais e também possíveis vantagens tributárias.
Ao compararmos a nova cesta básica com a anterior, há uma série de diferenças marcantes. Pois a antiga cesta básica brasileira, foi definida em um decreto de 1938, e era caracterizada por uma concentração em alimentos de alto teor calórico, descrita de maneira simplista, muitas vezes composta por alimentos com baixo valor nutricional, ultraprocessados e não alinhados com o Guia Alimentar para a População Brasileira. Sendo assim, era uma configuração que não acompanhava os avanços na compreensão da importância de uma dieta equilibrada.
A nova cesta básica, por sua vez, foi concebida com uma abordagem mais abrangente e inclusiva. Possui uma variedade mais ampla de alimentos, privilegiando itens frescos, como frutas, legumes e verduras, juntamente com produtos de origem animal e grãos integrais. Essa diversificação não apenas amplia o acesso a nutrientes essenciais, mas também promove hábitos alimentares mais saudáveis, alinhados com as recomendações de órgãos de saúde nacionais e internacionais.
O conceito de cesta básica é fundamental para a elaboração de políticas públicas – é importante não confundir com as cestas vendidas pré-prontas em mercados e demais estabelecimentos – uma das vantagens mais notáveis desta nova caracterização da cesta básica é seu possível impacto tributário. Por reconhecer a importância dos alimentos como direito básico de todo cidadão, será implementada com políticas fiscais que reduzem ou isentam completamente certos produtos da carga tributária, que é a intenção governamental. Com isso, a nova cesta básica pode impactar em itens mais acessíveis para a população, além de incentivar a produção e o consumo de alimentos mais saudáveis.
Atualmente, não apenas por questões financeiras, mas também por uma facilidade e rapidez de consumo, a população vem optando por alimentos em geral ultraprocessados e pré-prontos. A acessibilidade financeira de itens mais naturais para a população, é um primeiro passo para o incentivo ao consumo de alimentos frescos e de menor industrialização, que contribuem também para reduzir os custos associados ao tratamento de doenças relacionadas à má alimentação.
Uma população mais saudável não apenas demanda menos recursos do sistema de saúde, mas também está em melhor posição para contribuir para o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país.
*Karoline Albini Schast é Nutricionista Clínica Comportamental, Chef de Cozinha e Professora do Bacharelado em Nutrição na UNINTER