sábado, 21 dezembro, 2024
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Pesquisadores criam tecnologia para prever epidemias de dengue

Assessoria – Desde fevereiro de 2020, o Brasil enfrenta um surto recorrente de dengue. Segundo o Ministério da Saúde, nos primeiros dois meses de 2024, o país já registrou mais de meio milhão de casos da doença. Além da vacina e das medidas protetivas já estabelecidas, um novo estudo desenvolvido na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) utiliza a tecnologia para prever epidemias de dengue.

Desenvolvida por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a metodologia busca relacionar os padrões urbanos entre surtos epidemiológicos e as variáveis ambientais. Um modelo matemático, baseado em análise espacial SIG e mineração de dados, monitora dados sobre número de casos confirmados, internações hospitalares e óbitos, além de diversos padrões ambientais, como temperatura, umidade relativa do ar e taxas de precipitação, emitindo diferentes níveis de alerta para a incidência de surtos epidemiológicos – dados relevantes para que os responsáveis pela gestão urbana das cidades tenham elementos científicos para predizer com dias de antecedência os locais com maior probabilidade da ocorrência da doença.

O estudo, intitulado “Infecções Concomitantes por Dengue e Covid-19: Políticas Públicas e Análise Espaço-Temporal para Aprimorar a Gestão da Saúde Pública no Brasil”, liderado pelo professor Fábio Teodoro de Souza, foi testado no município de Campo Mourão, no interior do Paraná, entre 2019 e 2020. Os pesquisadores analisaram as políticas públicas para manejo da doença e os dados de evolução da dengue ao longo do tempo nos bairros da cidade. Para isso, utilizaram documentos públicos e entrevistas com agentes de saúde na Secretaria Municipal de Saúde e Planejamento, bem como informações fornecidas pela secretaria municipal.

“Entender o comportamento da doença é fundamental para as ações de combate à dengue. Observamos que as políticas públicas estavam focadas na identificação de casos, mobilização comunitária e aplicação de inseticidas em locais críticos”, explica o professor. “Os resultados forneceram informações essenciais para o planejamento e a execução de políticas públicas mais eficazes”, completa.

A proposta é que as informações analisadas possam contribuir para compor um conjunto de boas práticas para o combate às epidemias ambientais urbanas que provavelmente se repetirão no futuro, não apenas nas cidades do Brasil, mas também em outros locais do mundo.

Possibilidade preditiva

Souza explica que dados são relevantes para que os responsáveis pela gestão urbana das cidades tenham elementos científicos para compreender os padrões espaço-temporais da dengue e poder predizer com grande probabilidade e com dias de antecedência as ocorrências. Essas informações permitem o planejamento e execução de políticas públicas eficazes por meio de ações de sustentabilidade ambiental, especialmente no que diz respeito à Educação Ambiental da população.

No caso de Campo Mourão (PR), as localidades próximas ao centro do município foram consideradas muito críticas para a doença. Diante disso, foi possível identificar que, em muitos aspectos, os esforços empreendidos de forma isolada poderiam ser articulados ou integrados para minimizar custos e aumentar a eficiência nos gastos do orçamento público. “É essencial integrar esforços e políticas públicas para reduzir custos e aumentar a eficiência”, destaca Souza.

Sustentabilidade ambiental: um caminho

Souza destaca a necessidade de implementar programas de educação para a sustentabilidade ambiental, especialmente em áreas urbanas. “O rápido processo de urbanização global torna as áreas urbanas, onde há maior densidade populacional, mais vulneráveis às infecções virais emergentes”, explica.

Uma descoberta crítica foi a falta de conscientização da população sobre questões de sustentabilidade ambiental, especialmente em relação à educação ambiental. A pesquisa destaca ainda que, desde 1990, a legislação municipal de Campo Mourão previa a promoção da educação ambiental nas escolas, mas a falta de regulamentação e financiamento adequados resultou na ausência do ensino nas escolas, levando a sérias consequências para a saúde pública.

“Percebemos a necessidade de promover a educação ambiental desde os níveis iniciais de ensino até o ensino superior, a fim de construir uma cultura de sustentabilidade”, acrescenta Souza.

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