sábado, 21 dezembro, 2024
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Momento corporativo: As múltiplas habilidades do comunicador

Por Eloi Zanetti – Se batermos à porta de qualquer empresa, de qualquer tamanho, em qualquer lugar e perguntarmos quais são seus grandes problemas, com certeza receberemos como resposta: falta de dinheiro – capital de giro – e deficiência na comunicação entre colaboradores e o mercado. O item comunicação sempre aparecerá entre as maiores preocupações dos dirigentes empresariais e dos serviços públicos. Quando um governante não é reeleito ele sempre culpa a falta de comunicação.

A comunicação nas instituições tem assumido relativa importância na gestão e na venda de produtos, serviços e ideias, por isso, a necessidade de comunicadores hábeis nas técnicas do saber fazer e nas tratativas entre as pessoas, assunto que envolve boa formação cultural e humanística. Nas grandes corporações, o profissional comunicador, esteja ele em cargo de gerência ou diretoria, estará normalmente ligado ao presidente, às outras diretorias e aos conselhos. Cabe a ele assumir alguns papéis e habilidades para que o fluxo da comunicação se desenvolva a contento.

O comunicador, por ser um generalista – entende um pouco de tudo, mas não necessariamente nada em profundidade -, deve saber fazer sem receio o papel de bobo da corte, isto é, elaborar perguntas impertinentes e idiotas aos que detêm o poder. A presidência de uma grande instituição é um cargo solitário e, por isso, necessita de alguém que a ajude a pensar. O comunicador tem o preparo e a malícia de fazer isso nos momentos apropriados. Como o sparing no boxe, ele se opõe ao campeão obrigando-o a ficar cada vez mais forte e combativo. Um bom sparing comunicador pode evitar decisões desastradas.

Para poder construir parcerias estratégicas, dentro e fora da instituição a fim de dar boa conta do seu trabalho, ele dever ter habilidades políticas – no sentido das relações entre as pessoas. Deverá conhecer muito bem o terreno onde pisa e com quem está tratando porque muitas vezes percorre trilhas perigosas, interferindo em interesses não bem explícitos. Não se pode ser santo, nem ingênuo nesta profissão.

Como a maior força da comunicação é a sutileza, deverá ser hábil em dar o seu recado de forma que os receptores nem percebam que estão sendo conduzidos. Comunicar é conduzir. Para isto deverá ser mestre na criação de metáforas e sugestões. Varejo é varejo, subjetividade é subjetividade.

Estar atento aos dois maiores erros da profissão: o de achar que a comunicação se processou e o de dar satisfação para quem não pediu. Para o primeiro, a receita é medir os resultados da sua intenção e para o segundo, é se segurar para não fazer trabalhos desnecessários e às vezes perigosos. Se o público não está pedindo satisfação, não dê.

Deverá saber ler de forma intuitiva o ambiente e as informações que lhes chegam. Nas conversas, nas negociações e nas pesquisas tornar-se hábil em perceber o que não está sendo dito ou visto de forma transparente. Na maior parte das vezes, o que não está sendo dito é mais importante do que aquilo que está sendo apresentado de forma clara. É aí que está o segredo do seu trabalho, saber ler nas entrelinhas. Afinal, o essencial é invisível aos olhos.

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