Por Eloi Zanetti* – É na hora do cafezinho que a verdadeira comunicação acontece. Nas empresas suecas há o costume de se parar o trabalho, em qualquer setor, a cada duas horas, para se tomar um cafezinho e discutir o andamento das coisas. Não é à toa que a Suécia é o segundo país que mais consome café no mundo.
Tal hábito, além dos seus benefícios estimulantes, cria ambiente descontraído onde os funcionários compartilham ideias, tiram dúvidas e informam o que estão fazendo. Como a criatividade floresce em ambientes informais a Suécia é um dos países mais inovadores do mundo.
Ferramenta de comunicação interna
Esses momentos de pausa, quer em uma cozinha adaptada, quer em uma cafeteria sofisticada, são ótimos para conversar, trocar ideias, comunicar aos outros aquilo que sabemos e estamos fazendo. Empresas precisam enxergar estes locais e momentos como “ferramentas da comunicação interna” e não um lugar para perder tempo e se afastar do trabalho.
Wilbert L. Gore, fundador da Gore-Tex – cunhou a frase: “A verdadeira comunicação na empresa, acontece na hora do cafezinho, ou na carona para casa”, fechou coro com outro apologista da comunicação tête-à-tête: Mike Bloomberg, da agência de notícias econômicas de mesmo nome. Seus escritórios são organizados de modo que os funcionários possam entrar, sair e circular por cada ambiente de trabalho passando por um único ponto central, uma espécie de hall – um roteador de pessoas. Medida que visa estimular a integração e facilitar a comunicação entre os colaboradores. A Bloomberg foi uma das pioneiras em instalar quiosques e cafeterias com sanduíches, snacks e café grátis, para todos os funcionários, em qualquer horário.
Nada substitui uma conversa ao vivo

É mais barato e eficiente manter esta estrutura e deixar o pessoal conversar à vontade do que custosas e incertas campanhas de comunicação interna. O diálogo ainda é a melhor forma de os seres humanos repartirem conhecimento e trocar informações, pois quando estamos despreocupados ficamos mais abertos e espontâneos, falamos com mais desenvoltura e a comunicação flui com mais facilidade.
As mensagens que emitimos pessoalmente são percebidas ao mesmo tempo por todos os sentidos, inclusive pelo sexto sentido – a intuição. O tom de voz, a postura e maneiras de se colocar os pensamentos são mais bem percebidas por quem dialoga presencialmente conosco.
Alguns cuidados com o cafezinho
Muitas empresas já perceberam os benefícios do sistema “hora do café” e estão adotando-o. Porém, é bom fazê-lo com certo cuidado. É preciso avisar aos funcionários o porquê se está institucionalizando a prática. “É para se trocar ideias, conversar e promover a comunicação da empresa, não para se ficar comentando os resultados do futebol, as últimas da novela ou ficar encostado num canto procurando as redes sociais. Deixar a turma muito à vontade poderá ser contraproducente e a boa oportunidade da comunicação poderá virar uma ‘central de fofocas‘ geradoras de assuntos para a rádio peão.”
Como qualquer atividade da endocomunicação, é preciso monitorá-la, corrigir os rumos e medir os resultados de tempos em tempos. Lembre-se: os resultados serão sempre cumulativos, por isso paciência.
*Eloi Zanetti é publicitário, referência em comunicação corporativa e empresarial, e colunista do Mural do Paraná. Contato: eloizanetti@gmail.com