Agência DW – Morreu nesta segunda-feira (12) em Milão o magnata da mídia e político Silvio Berlusconi, aos 86 anos. Extravagante e três vezes premiê italiano, “il Cavaliere“, como era conhecido, dividia opiniões tanto em seu país como no exterior. Ele foi um dos pioneiros do populismo político.
O magnata da mídia foi internado no hospital San Raffaele, em Milão na última sexta-feira para fazer exames relacionados um quadro de leucemia. Ele sofria da doença “há algum tempo” e teria desenvolvido uma infecção pulmonar, segundo fontes citadas por agências de notícias.
No último dia 5 de abril, ele havia sido hospitalizado com problemas cardiovasculares e respiratórios e permaneceu no hospital por mais de um mês. No final de março, o ex-premiê passou quatro dias no mesmo hospital devido ao que os noticiários italianos chamaram de “problemas cardíacos”, antes de receber alta em 30 de março.
Ex-primeiro-ministro que reconfigurou a paisagem política e cultural da Itália, Berlusconi esteve envolvido em diversos escândalos e processos legais e sexuais. O bilionário criou a maior empresa de comunicação da Itália antes de protagonizar profundas mudanças políticas no país.
Entre 1994 e 2011, ocupou o cargo de primeiro-ministro quatro vezes. Seu partido, o conservador Força Itália, faz parte da coalizão do governo liderado pela primeira-ministra ultradireitista Giorgia Meloni. Embora ele não esteja envolvido no governo, sua morte deverá ter impactos sobre a vida política do país nos próximos meses.
Brincadeiras calculadas

Ele deverá ser lembrado pelas piadinhas. Em 2002, quando exercia o cargo de primeiro-ministro da Itália pela segunda vez, fez o sinal de “diabinho” com o dedo indicador e o mindinho atrás da cabeça do então ministro das Relações Exteriores da Espanha, Josep Piqué, durante foto posada com outros líderes europeus. Na Itália, o gesto é conhecido como “corna” (o equivalente a “corno” no Brasil).
Em 2004, Berlusconi usou uma bandana quando deu as boas-vindas ao então premiê britânico Tony Blair para um fim de semana em sua propriedade na Sardenha. Anos depois, em 2008, fingiu estrangular o presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante coletiva de imprensa em Paris.
Berlusconi era conhecido como um “grande menino” italiano, fanfarrão e travesso, um moleque como muitos italianos gostavam. Parecia ser um político que não era tão rígido quanto outros, um que sabia ser espontâneao. Mas, na verdade, segundo o jornalista Giuseppe “Beppe” Severgnini, que escreveu um livro sobre o fenômeno que era Berlusconi, a realidade era outra.
Severgnini tem convicção de que as brincadeirinhas de Berlusconi eram calculadas – e passaram do limite por diversas vezes. Ele acredita que muitos italianos – exceto, obviamente, Berlusconi e seus apoiadores – tinham vergonha das tiradas do chefe de governo.
“Berlusconi entende que críticas do exterior e a vergonha alheia de alguns de seus conterrâneos apenas serviam para aumentar sua popularidade entre as classes mais baixas – ou seja, as pessoas que costumavam votar à esquerda e que passaram a votar nele”, afirmou Severgnini.