Agência DW – Um dia após a destruição da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, a extensão da catástrofe fica cada vez mais clara. Segundo as Nações Unidas, milhares de pessoas de ambos os lados do front serão impactadas pelas graves consequências das inundações. O colapso da barragem também é uma catástrofe para o meio ambiente e para o abastecimento de água local. “Presumimos que partes da natureza selvagem serão destruídas para sempre”, disse o ministro do Meio Ambiente da Ucrânia, Ruslan Strilets, em entrevista à DW.
Ele classificou o rompimento da barragem como “o maior crime ambiental cometido desde o primeiro dia da invasão” da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022. Segundo Strilets, grandes áreas de um parque nacional foram destruídas, assim como grandes partes da Emerald Network, uma rede europeia de áreas protegidas estabelecida para preservar espécies e habitats ameaçados em todo o continente.
Sua pasta acredita “que talvez 600 a 800 toneladas de óleo lubrificante tenham sido despejadas na água”. Outras fontes não verificadas do governo ucraniano chegam a mencionar que cerca de 150 toneladas de óleo fluíram até agora para o rio Dnipro – e mais 300 toneladas ainda poderiam vazar.
Fauna e flora

Além disso, a flora e a fauna também devem ser afetadas. O óleo é altamente tóxico para toda a vida aquática e terrestre. Mesmo pequenas quantidades são suficientes para contaminar o solo e a água. Dados exatos sobre os danos ainda não estão disponíveis.
“Este é um ato bárbaro, um verdadeiro ecocídio e uma futura catástrofe humanitária. Previmos esta situação e, infelizmente, o pior cenário se confirmou”, destacou Strilets, acrescentando que cerca de um milhão de pessoas devem ficar sem água.
Logo após a explosão, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Schmyhal, falou sobre o risco de inundação em até 80 cidades. Cientistas da Universidade de Ciências Aplicadas de Magdeburg-Stendal, na Alemanha, calcularam, em um modelo inicial, que 60 mil pessoas poderiam ser afetadas, sendo um terço delas em situação de risco.
Segundo o governador da região de Kherson, Olexander Prokudin, há 16 mil pessoas na zona de risco. A União Europeia fala em centenas de milhares de civis cujas vidas estariam em jogo. Ainda não há informações sobre possíveis feridos.
“As consequências diretas são semelhantes a qualquer outra inundação”, explica Nickolai Denisov, da Zoi Environmental Network, uma ONG com sede em Genebra.
No entanto, o que difere essa catástrofe de outras inundações é a velocidade da água. “Áreas naturais geralmente não ficam debaixo de tanta água. Ainda mais nesse ritmo. Então isso vai causar danos diretos.”
Denisov aponta que especialmente a inundação de áreas industriais causará problemas. “Nesse caso, se a água entra na área industrial, geralmente não se está preparado para isso. A poluição é transportada para fora da área. Não é o tipo de poluição que vem com águas residuais industriais. Portanto, é uma carga adicional, e isso está prestes a acontecer.”