CMC – São realizadas, em terra kaingang, as sessões plenárias da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), pois o Palácio Rio Branco está localizado no Centro, que pertencia aos indígenas da família linguística Jê. Atualmente, famoso pela colonização italiana, o bairro de Santa Felicidade também era Jê, provavelmente com aldeias kaingang e xokleng-
Na Região Sul de Curitiba, estavam concentradas as etnias da família linguística Tupi-guarani (possivelmente guaranis, mbya
Dê uma olhada no mapa abaixo: onde você mora é da família Jê ou da Tupi-Guarani?
História para ser contada
A proposta de enxergar Curitiba como uma grande terra indígena, onde viviam diversas etnias com cultura e tradições próprias, é possível graças à pesquisa de Cláudia Inês Parellada e José Luiz de Carvalho, que, em 2009, no livro “Missões: Conquistando almas e territórios”, publicaram um mapa da distribuição dos povos indígenas no Paraná nos séculos 16 e 17.
A CMC localizou, nesse mapa, a posição dos bairros de Curitiba para ver a capital do Paraná antes da passagem dos bandeirantes e da colonização dos espanhóis e dos portugueses. Apresentamos essa proposta de imaginação do território ancestral de Curitiba para Cláudia Parellada, que, hoje, é coordenadora do Departamento de Arqueologia do Museu Paranaense (Mupa) e passamos no crivo da pesquisadora.
Cláudia Parellada chamou a atenção da reportagem que, por exemplo, “kaingang é um termo do século 19” e que a autodenominação dos povos indígenas, que é respeitada atualmente, não consta nos documentos de época. Por isso, por exemplo, as etnias da família linguística Jê são chamadas de campeiros ou de coronados. Pelo mesmo motivo, há incerteza sobre as etnias do tronco Tupi-guarani.
Então, quando nos referimos aos xokleng-laklãnõ ou aos guaranis-mbya como moradores originários de Curitiba, são aproximações, pautadas por evidências arqueológicas, mas, ainda assim, são aproximações. Elas têm o efeito prático de encorajar a população de hoje a se interessar pela história da terra e do seu rico passado cultural, sensibilizando para a causa indígena. Logo, não são uma tentativa anacrônica de descrever um passado distante.