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O presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo na noite desta quarta-feira (2) para falar a apoiadores e pedir que manifestantes liberem as rodovias. Desde a noite de domingo (30), bolsonaristas fazem bloqueios nas estradas em protesto contra o resultado da eleição, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O fechamento de rodovias pelo Brasil, prejudica o direito de ir e vir das pessoas, está lá na nossa Constituição. E nós sempre estivemos dentro dessas quatro linhas. Tem que respeitar o direito de outras pessoas que estão se movimentando, além de prejuízo à nossa economia. Sei que a economia tem sua importância, né. Sei que vocês estão dando mais importância a outras coisas agora. É legítimo. Mas eu quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas”, diz Bolsonaro.
No pronunciamento, o presidente tratou os manifestantes como “brasileiros que estão protestando pelo Brasil”. Ele ainda disse que, “ao longo desse tempo todo à frente da Presidência, colaborei para ressurgir o sentimento patriótico, amor à pátria, nossas cores verde e amarela, a defesa da família, da liberdade”.

“Não vamos jogar isso fora. Vamos fazer o que tem que ser feito. Estou com vocês e tenho certeza que vocês estão comigo”, disse, reforçando o pedido pela liberação de rodovias. “Vamos desobstruí-las para o bem da nossa nação e para que possamos continuar lutando por democracia e por liberdade.” Ontem, porém, apoiadores do presidente já diziam que iriam ignorar pedidos de Bolsonaro para deixar os bloqueios.
O presidente também demonstrou apoio ao sentimento dos manifestantes e disse que está “tão chateado, tão triste” quanto os apoiadores. Bolsonaro ainda fez questão de frisar que o movimento é “espontâneo”.
PERDAS PARA ECONOMIA
A CNC (Confederação Nacional do Comércio) divulgou nota dizendo que os bloqueios deste ano em estradas podem causar perdas maiores que as do movimento de 2018.
A confederação afirma que as interdições ilegais nas estradas, que questionam também a credibilidade do sistema eleitoral, indicam prejuízos diários superiores a R$ 1,8 bilhão, valor registrado na paralisação feita há quatro anos.
Em maio de 2018, a greve de caminhoneiros pela redução do diesel durou 10 dias e teve um custo para o varejo, em valores atuais, de R$ 18 bilhões.
De acordo com a CNC, as paralisações antidemocráticas de agora trazem um cenário mais grave para o setor, que ainda sente os impactos da pandemia de covid-19. Isso porque as empresas estão mais dependentes dos serviços de entregas terrestres, uma vez que seus estoques estão reduzidos.