sexta-feira, 25 abril, 2025
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Empresário cria instituto que educa de graça e recebe ameaças de morte

Eduardo Moreira. Foto: Carine Wallauer / UOL

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O ex-banqueiro Eduardo Moreira sabe o peso desse rótulo no Brasil de 2022. Tanto que, habituado a uma rotina de palestras, viagens e eventos, ele anunciou no mês passado um cancelamento da agenda por 12 meses.

O motivo? Ameaças de morte constantes, mais de uma centena, vindas de bolsonaristas radicais que viam nele um “traidor”, alguém que comumente se posiciona de modo ferrenhamente contrário às políticas econômicas do ministro Paulo Guedes.

“Nesse sentido, eu sou absolutamente de esquerda. E quando você diz que é de esquerda não quer dizer que você concorda com todos os erros que as pessoas que se diziam de esquerda cometeram ao longo da história”, diz Moreira. “Significa que você luta contra essas estruturas que talvez tais pessoas tenham lutado também, mas tenham lutado de maneiras diferentes ou acreditando em soluções diferentes. Mas o alvo é o mesmo: são as injustiças sociais.”

As posturas públicas de Moreira são conhecidas. Ele é crítico das reformas da previdência e trabalhista realizadas no governo Michel Temer (MDB), defende o fortalecimento de bancos públicos, é contrário a privatizações e a favor da taxação das grandes fortunas. O ex-banqueiro apoiou Lula (PT) nas eleições presidenciais de 2022 e ajudou o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), quando o movimento precisava ampliar uma planta de produção de arroz orgânico e carne suína perto de Porto Alegre. Para isso conectou os sem-terra ao mercado financeiro, conseguindo que investidores injetassem R$ 1,5 milhão para uma de suas cooperativas.

“Minha linha ideológica é a de alguém que acha absolutamente absurdo e distópico você viver numa sociedade onde 0,1% das pessoas tem mais dinheiro nos bancos do que o valor total dos 90% que têm menos dinheiro. Isso é uma realidade.

 

O 1% mais rico no Brasil tem metade das terras cultivadas do país. No Brasil, se você pega a concentração de riqueza, você tem que as cinco pessoas mais ricas têm a mesma riqueza acumulada do que quase 100 milhões de pessoas. Isso é insano.

 

Essa luta por um poder mais distribuído, por uma riqueza mais distribuída, por uma possibilidade de as pessoas exercerem suas vocações, é uma luta daqueles que não querem que o sistema concentrador de poder e renda exista. Isso, historicamente, foi chamado de esquerda.”

 

Eduardo Moreira, ex-banqueiro e fundador do Instituto Conhecimento Liberta

Carine Wallauer/UOL
Foto: Carine Wallauer / UOL

DA BOLSA AOS CAVALOS

Nascido no Rio de Janeiro em fevereiro de 1976, Moreira é formado em engenharia civil. Em 2009 fundou, com outros três sócios, o banco de investimentos Plural Capital, depois rebatizado de Brasil Plural.

Dentro dessa empresa, criou a marca Genial Investimentos. Seu trabalho no mercado financeiro prosperou a tal ponto que, em 2013, ele foi listado pela revista Época Negócios como um dos “40 brasileiros de maior sucesso com menos de 40 anos”.

Mas ele não parecia acomodado dentro de uma zona de conforto. Porque sempre foi múltiplo, sempre cultivou uma veia meio renascentista de querer fazer coisas diferentes: da dramaturgia ao adestramento de cavalos, passando pelo artesanato e pela comunicação midiática.

“O Eduardo é isso: um peregrino, um buscador, um curioso”, define-se. “É uma característica que tenho desde mais novo: sou realmente um apaixonado pelas infinitas possibilidades que existem para todo mundo, em termos de aprendizado, em termos de diversidade de conhecimento”, acredita.

Ele fala de doma de cavalos a física quântica, de música, arte, habilidades de marcenaria, de artesanato. “Tudo isso. Essa possibilidade de estar sempre aprendendo, se desafiando, sempre se conhecendo é algo que me encanta. Faço aprendizado um combustível para seguir caminhando.”

Dentre os vários livros escritos por Moreira, vale ressaltar, está ‘Encantadores de Vidas’, publicado em 2012, sobre um método de doma gentil de cavalos. Por conta do entusiasmo com que defende essas técnicas, ele foi condecorado pela Rainha Elizabeth 2ª da Inglaterra por seus esforços pela eliminação da violência no adestramento de animais.

Desde 2018, ele enveredou pelo mundo da educação financeira, com cursos online e palestras.

Leia na íntegra a reportagem do UOL

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