
Genomas Paraná pretende descrever o perfil genético e epidemiológico da população. As amostras biológicas serão coletadas entre cidadãos de Guarapuava e Foz do Iguaçu, nas regiões Centro-Sul e Oeste do estado
AEN-PR
Identificar marcadores de predisposição genética e metabólica dos paranaenses a partir de técnicas de inteligência artificial e ciência de dados. Esse é o objetivo do Projeto Genomas Paraná, uma iniciativa inédita de pesquisa científica e tecnológica no Brasil, que pretende descrever o perfil genético e epidemiológico da população. As amostras biológicas serão coletadas entre cidadãos de Guarapuava e Foz do Iguaçu, nas regiões Centro-Sul e Oeste do Paraná.
O material biológico será armazenado em biobanco para análise por sequenciamento genético. O biobanco é um tipo de repositório para conservação de amostras biológicas utilizadas em pesquisas científicas. A equipe envolve mais de 400 pesquisadores da Rede Paranaense de Pesquisa Genômica, que reúne instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica, públicas e privadas, do Paraná e de outros estados.
O estudo pretende sinalizar um conjunto de fatores de riscos para doenças cardíacas, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes e comorbidades associadas. A ideia é embasar estratégias de Medicina de Precisão, área interdisciplinar que alia ao perfil genético dos pacientes os aspectos convencionais de diagnóstico e tratamento, como sintomas, história pessoal e familiar e exames complementares.
Na prática, esse campo da medicina compreende cuidados antecipados para evitar doenças. Entre as medidas preventivas de saúde, por exemplo, é possível incluir o uso de medicamentos, a aplicação de vacinas e a identificação de fatores de riscos que podem tornar as pessoas mais propensas a determinadas doenças.
INVESTIMENTO
O projeto recebeu aporte de R$ 3,12 milhões do Governo do Estado, sendo metade, R$ 1,56 milhão, da Fundação Araucária e o restante do Fundo Paraná, dotação gerida pela Superintendência-Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), para o fomento científico e tecnológico paranaense. Os recursos estão compartilhados entre as universidades estaduais do Centro-Oeste (Unicentro) e de Ponta Grossa (UEPG), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto para Pesquisa do Câncer (Ipec), situado em Guarapuava.
O desembolso atende demandas de investimento, como aquisição de ultrafreezers para armazenamento e conservação de amostras biológicas; e cobertura de despesas de custeio, a exemplo de reagentes para extração de material genético. Entre outros itens, também são custeadas bolsas de doutorado e pós-doutorado e bolsas de apoio técnico à pesquisa.
Segundo o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, o sequenciamento do genoma humano possibilita avanços significativos no campo científico. “Considerando a diversidade brasileira, é importante traçar o perfil genético da população, a fim de viabilizar ações de Medicina Preventiva, a chamada Medicina 5.0, e de antecipar a elaboração e implementação de políticas públicas na área da Saúde”, afirma.
Um dos principais benefícios de pesquisas em genômica está relacionado à possibilidade de prever o surgimento de doenças, de forma que os dados obtidos pelos cientistas podem ser utilizados para diagnósticos precoces e tratamentos de patologias de origem genética e até mesmo doenças crônicas.