
UEL
A UEL concedeu o título de mestre em Estudos da Linguagem à segunda estudante indígena a obter o título de mestrado na instituição em mais de meio século de história. Damaris Kaninsãnh Felisbino defendeu sua dissertação na noite desta sexta-feira (7), no Colégio Estadual Indígena Benedito Rokag, em Tamarana. A defesa contou com a presença de professores da língua kaingang, estudantes e moradores da Terra Indígena Apucaraninha, território indígena cuja linguagem característica serviu como objeto de pesquisa.
A banca examinadora foi formada pelo seu orientador, o docente do Departamento de Letras Marcelo Silveira, e pelo professor do Departamento de Serviço Social Wagner Roberto Amaral. Além dos professores da UEL, que são integrantes da Comissão Universidade para os Índios (Cuia), a banca contou com a presença da docente do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, da Universidade de Brasília (UNB), Ana Suelly Arruda Câmara Cabral.
“Representa muito porque, até 25 anos atrás, os indígenas sequer imaginariam acessar a universidade. Era um desejo muito distante, fora da expectativa. Mas, à medida que as lutas pelas cotas e pelas ações afirmativas foram acontecendo, isso foi avançando. E a UEL e o Paraná são pioneiros. A UEL está entre as quatro universidades estaduais que, em 2001, estabeleceram a criação de vagas suplementares para indígenas”, explica Amaral.
Já a professora Ana Suelly Arruda Câmara Cabral apontou que o trabalho realizado pela estudante é fundamental para o fortalecimento da língua e da cultura Kaingang, principalmente para a população da Terra Indígena Apucaraninha, onde ela vive e trabalha como professora.
“Quem sempre escreveu e pensou a língua indígena foram sempre os linguistas não indígenas, como o professor Ludovico (Carnasciali, in memorian). A Damaris representa essa ‘virada’, ou seja, uma indígena Kaingang pensando a língua do seu povo”, conclui Amaral.