
José é fundamentalmente alguém dado a ouvir. Fala pouco, observa muito, parece pesar as palavras. Confessa-se um “não arrojado”. Evita ser dos primeiros a aparecer, mas não se acha um tímido. No fundo é alguém montado por uma sólida escola, a do “calar é ouro”, mas sem que isso signifique protelar posicionamentos, especialmente quando eles são esperados pelos que o procuram – e são inúmeros os consulentes – em busca de uma palavra, de uma opinião, de um parecer. Suas opiniões pesam muito na sociedade paranaense abrangente, com destaque para a empresarial.
Domina intrincados conhecimentos jurídicos, com especial predileção pelos temas da área tributária, os números, os impostos e suas consequências na vida dos cidadãos, das empresas e da vida pública. Foi por isso mesmo, por dominar os números e o mundo dos tributos, que aceitou, há 48 anos, entrar, como contador, naquele “ninho de advogados” – o Escritório de Augusto Prolik. E por Prolik cultiva uma espécie de veneração, respeito, grande admiração intelectual.
A predileção pelos temas tributários está na história do Escritório de Advocacia de Augusto Prolik, de que José é o “primus inter pares” – desde o desaparecimento do fundador.
2 – TODAS AS CAUSAS
Com o tempo, a banca alargou seu leque de atendimento. Hoje o escritório só não trabalha com Direito Penal, especialidade que é de um vizinho do mesmo prédio, René Dotti. O edifício fica na área central da Rua Marechal Deodoro, em Curitiba.
Se a base (Tributária) inicial do escritório foi definida pela projeção que Prolik deu à banca, há 70 anos, a chegada de José Machado de Oliveira, há 48 anos, também não foi obra do acaso.
Não “estava escrito”. Escrito estava que ele iria absorver, com a maior naturalidade possível, a notável vocação paterna. O pai, Adelino Machado de Oliveira, homem simples, gerou 14 filhos de um só casamento – uma linhagem descendente de espanhóis; ele fora agricultor, pedreiro, comerciante, e depois se tornaria uma espécie de “escola”, uma referência na especialidade – como contador – em Paranaguá, a partir de 1930/40.
3 – ALGUNS NOTÁVEIS
Não se imagine José Machado de Oliveira “linkado” especialmente no passado, que cultiva, isso sim, com moderação no que ele tem de inesquecível, como a experiência de Irati.
Vive o presente com a intensidade que a vida lhe permite: caminha diariamente por pelo menos 45 minutos e nada na piscina aquecida do edifício em que mora com Doralice, a companheira de vida. Acha tempo para fazer pilates. Desfruta, enfim, de uma vida bem programada, chegando pontualmente ao escritório às 9h30. A vida metódica e a prática de esporte diário refletem nova atitude em face da vida, depois de ter fumado intensamente, desde os 13 aos 40 anos. E depois – o que era esperado – de ter feito um câncer de pulmão, de que escapou por cirurgia muito bem-sucedida.
O panteão das grandes admirações do tributarista José Machado de Oliveira inclui um olhar amplo em torno de paranaenses que já estão na História do Estado. Como os ex-governadores Jayme Canet Junior, Paulo Pimentel (clientes do Escritório Prolik), Ney Braga e Jaime Lerner, Saul Raiz, Augusto Prolik, Albari Guimarães, Nivon Weigert (de Ponta Grossa), Silfredo Veiga, Nelson e Miguel Buffara (de Paranaguá) …
(Trechos do volume 8 de meu livro Vozes do Paraná, a ser lançado em 6 de outubro, no Palacete dos Leão, em Curitiba)