quinta-feira, 13 novembro, 2025
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Brasil ouviu rosário de velhas histórias, mas Tebet faturou a noite da Band

Bem articulada, discurso direto, Simone Tebet trabalhou as mazelas da população – como a fome que atinge 33 milhões de pessoas –  e bordou caminhos que, disse, trilhará para fazer o país ser marcado por justiça social. Sua receita plena: “mais democracia”. Parecia algo como o velho MDB de Guerra, que foi campeão da redemocratização do país

 

Nem sempre estou de acordo com avaliações de institutos que analisam rumos da corrida eleitoral deste 2022. Por exemplo: há muita discrepância entre o que apresentam como verdade, e a realidade dessa corrida em que o eleitor é o juiz exigente. Assim ocorreu com o grande debate que a TV Bandeirantes, UOL e Folha de São Paulo apresentaram ao país na noite de domingo, por três horas.

Nas avaliações finais, institutos de pesquisa deram seu veredicto, cravando que a vitoriosa da noite foi Simone Tebet (MDB) como aquela que teve o mais consistente desempenho nas muitas horas de debates pontificadas pelos dois que estão na ponta da disputa, Lula e Jair Bolsonaro. Concordo plenamente.

Simone não fez discursos grandiloquentes nem promessas incumpríveis. Simplesmente colocou sua lógica de professora de Direito, e senadora, a serviço de uma mensagem de esperança a um país que ora se assusta com rumores de golpe, ora se autoconsome em temores diante da possibilidade de a força bruta do golpismo sobrepujar o ideário democrático. Às vezes foi até “cruel” ao apontar o desinteresse com que os governos – e os donos do poder em geral – tratam o eleitor: quase como manada a ser tangida ao interesse dos comandantes da boiada.

Lula não conseguiu inovar em nada, prevaleceu a velha pregação, o que, por si só, não poderia marcar gol a favor. O ex-presidente não foi hábil o suficiente para se livrar da pecha insistentemente lançada contra ele e o PT, a da corrupção endêmica reinante em seus governos.

Os candidatos a presidente na abertura do debate da Folha, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura – Marlene Bergamo/Folhapress

Faça-se justiça, no entanto: Luiz Inácio Lula da Silva insiste em teses que, nos seus governos, tiveram algum sucesso, como a distribuição da riqueza nacional, a constante preocupação em alimentar os anawins (os pobres entre os mais pobres bíblicos) e, verdade, até foi feliz em apontar quanto teria valorizado organismos como a Polícia Federal, AGU, CGU. Foram ações que, no entanto, “sumiram” diante do petrolão e outros escândalos de amplitude nacional, e persistentes. Quase ameaçaram o ethos da Nação…

Jair Bolsonaro, o presidente, também foi minimamente convincente nas propostas que enfatizou, como a do Auxílio Brasil. Visivelmente nervoso – até porque é “natural” caixa de pancada em debates. Não conseguiu convencer sobre as preocupações de seu Governo com a implantação de políticas públicas visando à valorização da mulher, um dos temas mais batidos, por exemplo, pelas senadoras Soraya (ex-aliada de Bolsonaro) e Simone Tebet. Pediu quatro direitos de respostas, julgados improcedentes pelos mediadores (jornalistas e convidados), que indeferiram suas pretensões de se estender em certos temas. Assim também aconteceu com Lula.

Bolsonaro não exibiu “a lição de casa”, não se estendeu na citação de números que poderiam reforçar sua propalada preocupação com a distribuição da riqueza do país. Antes do debate, perguntado por jornalistas, deixou claro que não levaria números à discussão com os opositores. Um deles, registre-se, foi o candidato do Novo à presidente, Felipe D’Avila, carisma zero, enfadonho no seu destampatório sobre o Brasil de Bolsonaro.

Ciro Gomes apresentou-se “Alprimo canto” – tal como o conhecemos e como ele é de fato: um agressivo contido pelos solavancos de outras tentativas de presidir o país. Sua fala vem mais ou menos colorida por algumas expressões do mundo acadêmico, quando entra no universo da Economia. Perdeu a cabeça com a pergunta – como explica ter dito um dia que sua mulher “serve para dormir comigo”. Disse que isso é hoje pura maldade, em termos de rememoração, e que assim se expressou 20 anos atrás, num momento infeliz, e pelo qual pediu desculpas muitas vezes.

Enfim, o debate está acessível pela rede, e o que o site apresenta é um ttsimples olhar de um todo que não deixa saudade.

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