
Ameaça foi feita enquanto Sabine Boghici mantinha faca no pescoço da mãe, segundo delegado que investiga o caso; golpe de mais de R$ 720 milhões envolveu obras de Tarsila do Amaral e outros
O Estado de S.Paulo
A idosa de 82 anos vítima de um golpe estimado em mais de R$ 720 milhões – que, segundo a Polícia Civil do Rio, foi arquitetado pela própria filha e por um grupo de supostas videntes – chegou a ser agredida e foi ameaçada pela filha com uma faca no pescoço quando parou de fazer transferências milionárias para o grupo. Segundo o delegado responsável pelo caso, a ameaça aconteceu durante um telefonema entre Sabine Boghici e Rosa Stanesco Nicolau, uma das golpistas, que se apresentava como Mãe Valéria de Oxóssi.
“Ela (Rosa) dizia: “Mata essa velha!”, declarou o delegado Gilberto Ribeiro, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa de Terceira Idade (Deapti), na quinta-feira, 11, em entrevista ao programa Encontro, da TV Globo.

O golpe começou a ser posto em prática no início de 2020. Na quarta-feira, 10, a Polícia Civil do Rio prendeu quatro dos seis acusados, com mandados expedidos pela Justiça. Dois dos suspeitos não foram encontrados e estão foragidos. Durante 15 meses, a idosa foi isolada pela filha no seu apartamento. Inicialmente, a vítima transferiu cerca de R$ 5 milhões aos golpistas. O pretexto seria o pagamento de um “tratamento espiritual”. Quando a vítima deixou de fazer os repasses, passou a ser ameaçada e agredida fisicamente.
DISPENSOU EMPREGADOS DA MÃE
“A filha tinha voltado a morar com a idosa e dispensou todos os funcionários da casa, funcionários de bastante tempo, afastou a idosa do convívio de todos os amigos, e passou a controlar os telefones”, contou o delegado. “A idosa passou a ficar isolada sob o pretexto da pandemia. Ela ficou isolada dentro de casa e não podia se comunicar com ninguém. A partir daí, ela começou a sofrer uma série de ameaças, agressões, para que voltasse a fazer pagamentos”, disse.
Foi depois da suspensão dos repasses que os quadros, incluindo obras de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, começaram a ser subtraídos. Parte deles foi recuperada na operação de quarta feita, sob o colchão de uma cama de casal, no apartamento de Rosa.
O Estadão pediu um posicionamento à defesa de Sabine, mas o escritório que representa a acusada não retornou o contato.
