
VEJA
Antes mesmo de um tesoureiro petista ser morto a tiros por um apoiador de Jair Bolsonaro, o PT trabalhava com um cenário de escalada da violência política no país. No fim de junho, numa conversa com VEJA, o deputado federal Alexandre Padilha (SP), ex-ministro de Relações Institucionais de Lula e ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, disse o seguinte: “Bolsonaro está preparado para criar um clima de intimidação da sociedade, para tentar estimular a violência política, inibir as pessoas de manifestarem o seu apoio. Essa será a estratégia permanente dele. Estamos preparados para enfrentá-la”.
Logo após o assassinato de um de seus quadros, dirigentes petistas cobraram investigação rigorosa do caso e tentaram responsabilizar o presidente da República pelo ocorrido. A legenda está preocupada com a possibilidade de eleitores de Lula deixarem de se posicionar publicamente e até mesmo de votar por medo de sofrer represálias e ataques de bolsonaristas. Essa abstenção forçada poderia ser decisiva para o resultado de uma eleição que promete ser disputada voto a voto. Até por isso, o PT estimulará as manifestações populares de apoio a Lula e de contestação a Bolsonaro.
“Vamos apoiar cada vez mais as manifestações espontâneas do povo brasileiro, de baixo para cima, de querer acabar com estes anos de tragédia que são os anos Bolsonaro”, diz Padilha. “Bolsonaro pode cometer a violência política que ele quiser que não conseguirá impedir que as pessoas comprem uma toalha do Lula, que não conseguirá impedir que uma menina mostre o L do Lula na televisão”.
Também faz parte da estratégia do PT manter o que a sigla chama de agenda de denúncia internacional dos riscos que Bolsonaro representa para a democracia. Outra prioridade é ampliar o leque de apoios a Lula, inclusive com representantes da sociedade, que serviriam para estimular os eleitores a participarem ativamente da campanha. Nesta semana, a cantora Anitta, fenômeno de popularidade, declarou via rede social voto em Lula, o que foi comemorado pelo partido como um gol de placa.
Em campanha permanente de intimidação da Justiça Eleitoral, tema da reportagem de capa da última edição de VEJA, Bolsonaro sabe que o assassinato do tesoureira petista tem potencial para prejudicar a sua campanha à reeleição. Após o fato ser noticiado, o presidente republicou nas redes sociais uma mensagem de 2018 na qual diz não querer o apoio de quem comete atos de violência. Já seus apoiadores lembraram que Bolsonaro foi vítima de uma facada na campanha eleitoral passada e acusaram a esquerda de recorrer à violência no Brasil e no exterior a fim de conquistar o poder. A menos de três meses da eleição, a tensão é cada vez maior.
