A procissão dos que dizem amém ao prefeito Greca tira da Câmara Municipal autoridade para julgar destino político de seus pares
O vereador Renato Freitas foi cassado nesta quarta-feira (22), segundo informa a Câmara Municipal de Curitiba. Não me coloco entre os que se regozijam com a cassação do inquieto vereador do PT. Acredito até na revisão do ato. Ou judicialização da matéria, uma possibilidade muito forte.
Tenho fé: acho que ele ainda ganhará maturidade quando, então, suas teses não mais compuserem o “show off” de estão acompanhadas hoje. Afinal, as exibições e os espetáculos de hoje que o petista promove são apenas um grito para que lhe demos atenções. Pede atenções, age como criança mimada, como observa uma vereadora.
Renato não foi apenas vítima do chamado racismo estrutural, que historicamente comanda a pauta dos brasileiros. Do berço ao túmulo. Ele é olhado meio atravessado, é certo, por universo de homens e mulheres com quem convive diariamente. Um desses espaços é a Câmara de Curitiba, afoita em combater esse imaturo vereador – um dependente de espetáculos que ele mesmo promove e dirige.
Freitas quer se afirmar numa Casa de olhos tão fechados a gravíssimos temas que estão aí mesmo. Tais como as irregularidades que temos denunciado promovidas pelo alcaide Rafael Valdomiro Greca de Macedo. Denúncias sem respostas da Prefeitura.
Quase todos os dias este site – e outros, poucos – cumpre seu papel jornalístico (não somos influencers, uma atividade fortemente comercial) denunciando barbaridades da Prefeitura, como os mistérios dos contratos dos radares. Ou as sandices ditas por dona Rosângela, preposta de Greca na Setran, que chamou de “irresponsáveis” os 13 mil cidadãos e cidadãs multados por radares irregularmente plantados na
Linha Verde, assunto que repito no espaço de hoje.

Fico a pensar na pobreza democrática deste país, no qual um só partido – União Brasil – deverá ter R$750 milhões para tocar as eleições deste ano. Fora outras “gracias” que o poder público lhe está dando.
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Renato Freitas errou no caso da invasão à Igreja do Rosário? Claro. Isso foi a gota d’água para sua cassação por uma cordoeira de vereadores que estava esperando a chamada hora certa para dar o troco ao jovem que, um dia, entre outras sandices, declarou os pastores evangélicos como “picaretas”. Tão leviano quanto aquele deputado paulista que acabou chamando o arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, de “pedófilo”. Tudo porque, na Igreja Católica, a exposição de padres a crimes de pedofilia foi enorme.
Não passo a mão na cabeça de Renato, tento entender quanto essa jovem alma tem sofrido de discriminação racial e social numa cidade que ainda se acredita ser uma “Curitiba branca”; discriminação que se avoluma quanto ele mais toca nas feridas de uma sociedade montada em cima de injustiças e separações que promove sob variados pretextos.
Se o Brasil de Renato Freitas é isso, o moço é um bom reflexo de nossas contradições: enfiamos bilhões de recurso públicos para financiar eleições e partidos que têm donos, mas não levantam palhas para educar os candidatos para o papel que pretendem exercer na vida pública com asfaltos e outras “cositas” mais….
E o resultado está aí: Renato Freitas é um deles. Mas não está sozinho, nem é a causa do imbróglio. Em outra via, a procissão dos insensatos atrelados às bênçãos que Greca de Macedo lhes concede faz hoje de boa parte da Câmara uma casa do “Yes, man”. É expressão de obediência cega ao Executivo que lhes garante benesses, empregos, poderes para louvar padrinhos e força para atender a seus cabos eleitorais.
É assim que o atual alcaide e seus companheiros sonham com um justo julgamento da História, o que, acreditam, seriam merecedores, ao cassar “vozes inconvenientes” como as de Renato Freitas.
Insensatos!
