quarta-feira, 20 novembro, 2024
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Presidente do Chile está em apuros após só seis semanas no cargo

Índice de rejeição de Gabriel Boric subiu mais de 30 pontos percentuais desde a posse

 

Bloomberg via Valor Econômico

Aclamado como o rosto de uma nova esquerda latino-americana, o presidente do Chile, Gabriel Boric, foi eleito em uma vitória esmagadora e embarcou em uma reforma constitucional para transformar sua nação de uma potência mineradora neoliberal em um modelo de desenvolvimento verde.

Mas há apenas seis semanas no cargo, Boric enfrenta turbulências, seu índice de rejeição subiu mais de 30 pontos percentuais, seu assessor mais próximo está sob ataque, a economia cambaleia e a criminalidade aumenta.

Após dois anos de pandemia, problemas de inflação e um gargalo logístico global exacerbado pela invasão da Ucrânia, muitos chefes de governo estão enfrentando descontentamento. Mas o caráter repentino dos problemas de Boric, e a gravidade deles, são particularmente notáveis.

“A população não vê o governo avançando em iniciativas que resolvam seus problemas”, disse Marco Moreno, diretor da escola de governo da Universidad Central, em Santiago. “Não há controle da agenda política e não há uma coalizão para viabilizar suas propostas no Congresso.”

TAXAS DE REJEIÇÃO

As crescentes taxas de rejeição agora atrapalham suas propostas ambiciosas, incluindo reformas tributária e previdenciária, que exigirão apoio legislativo. Mais amplamente, seus desafios representam um alerta para outros líderes que disputam o poder na América Latina.

Um ex-líder estudantil que era admirado e amado, Boric, de 36 anos, tornou-se de repente alvo de ira. Quando visitou a cidade de La Serena na semana passada, um manifestante jogou uma pedra, forçando sua equipe de segurança a levá-lo para um local seguro. Dias antes, ele foi assediado por um morador no bairro de Cerro Navia, em Santiago.

PROTESTOS EM 2019

Conhecido por três décadas de estabilidade e crescimento, o Chile irrompeu em violentos protestos de rua no final de 2019, o que indicou que por trás dessa calma, havia um enorme descontentamento. Boric se valeu dessas frustrações para se eleger, mas agora enfrenta uma mistura explosiva de demandas por serviços públicos, preços ao consumidor em disparada e nervosismo em relação a uma nova constituição.

Os desafios de Boric vêm de ambos os lados. Alguns comunistas, com os quais ele formou uma aliança, estão dizendo que ele não leva a sério o desmantelamento do neoliberalismo. À direita, ele é considerado perigosamente ingênuo sobre a importância dos mercados de capitais e dos investidores estrangeiros.

Axel Callis, diretor do instituto de pesquisas Tuinfluyes.com, disse que mais da metade dos votos em Boric foram na verdade em protesto a seu oponente de direita. “Foi mais uma votação estratégica”, disse ele. “Esse segmento não tem forte lealdade ao presidente.”

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