Por André Nunes* – jornalista
A trajetória de O Mistério de Irma Vap é bastante conhecida: encenada por Marco Nanini e Ney Latorraca por 11 anos, a partir de novembro de 1986, tornou-se a peça em cartaz por mais tempo no Brasil, entrando para o Guinness em 2003. E também gerou um filme com os mesmos atores, Irma Vap – O Retorno, em 2006.
A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid (Mateus Solano), a nova esposa do excêntrico Lord Edgar (Luís Miranda). Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap. Para retomar o amor de seu marido, ela pratica peripécias divertidas ao lado da criada Jane (Luís Miranda) e do cocheiro Nicodemo (Mateus Solano). O espetáculo foi encenado neste final de semana no Guairão, dentro da Mostra Lúcia Camargo, do Festival de Teatro, com ambas as sessões esgotadas.
A nova verão a trama se passa em um trem fantasma de um parque de diversões macabro, com os atores dando vida a vários personagens. As referências são a estética dos filmes de terror dos anos 1980 e ao popular videoclipe “thriller”, de Michael Jackson.
Em entrevista à imprensa, Mateus Solano contou que só aceitou participar da montagem quando soube que seria um projeto de Jorge Farjalla. “Nosso receio inicial era o de que não haveria como dar sequência a um trabalho com lugar cativo na memória do público que acompanhou Nanini e Ney por 11 anos em cartaz. Mas o Farjalla nos trouxe uma versão adaptada para o Brasil, com um trem fantasma e muitas adaptações para chegar a um novo público, sem perder as referências ao clássico Irma Vap”.
O resultado é bastante exitoso: mistura de maratona com gincana, a montagem exige tanto da atuação quanto do fôlego de Miranda e Solano, que brilham dando vida a personagens pitorescos, com pitadas de seus trabalhos cômicos anteriores, como Zé Bonitinho e Terça Insana.
*O jornalista acompanhou a peça a convite do Festival de Curitiba