sábado, 5 julho, 2025
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Eliseu, da Agência Vulgata, explica tudo sobre “apagão” mundial do Facebook, WhatsApp e Instagram

Eliseu Tisato, headmarketing da Agência Vulgata

Boa parte do mundo ficou “suspenso”, mudo, com a queda de sinais
dos aplicativos. Curitibano especialista em web explica os possíveis porquês
da ocorrência que atingiu bilhões de pessoas

 

P) Episódios como o de ontem, 4, quando alguns aplicativos ficaram off-line, causam problemas no cotidiano das pessoas. Porque isso ocorre?

R) Ontem, como o problema foi em alguns dos principais aplicativos e softwares do mundo, o transtorno foi bem grande. São vários desdobramentos do problema. Muitas consequências. Na maioria das vezes, ocorrem problemas pontuais para um aplicativo de comunicação ficar fora do ar. Pode ser desde problema físico como cabeamento de fibra ótica que transmite os dados da internet até ordens judiciais penalizando um aplicativo que fique fora do ar até cumprir alguma decisão, como ocorreu em 2017 quando o WhatsApp entrou em conflito com a Justiça brasileira para entregar dados de usuários.

Algumas vezes, por conta de tentativa de invasão, falha em sistema de segurança, o proprietário do site pode “tirar do ar” para evitar um risco maior. Bancos lançam mão desse recurso algumas vezes.

P) Quais as principais consequências para os usuários?

R) Para a maioria das pessoas, o principal efeito sentido é apenas de não poder mandar uma foto, uma mensagem pra um contato para um amigo, ou então deixar de fazer uma reunião de trabalho. Porém o efeito prático é bem mais profundo.

Ocorre que, por conta das regras de segurança e protocolos universais de proteção de dados dos usuários, muitos sites de venda como Mercadolivre, Amazon, Aliexpress ou então aplicativos diversos como os utilizados para pedir alimento como ifood, Rappy, Uber, entre outros, utilizam o acesso da conta do Facebook ou do gmail para conceder acesso a seus sistemas. E neste caso, muitas vezes o usuário fica sem o acesso, pois a rede de onde são puxados os dados não está disponível.

Para o usuário é muito cômodo apenas usar o login do Facebook para acessar todos seus sites. Porém, quando ocorre de o Facebook estar off line, seus acesos podem estar comprometidos.

Foto: Allan White/Fotos Públicas

P) Em Curitiba, o que mudou na rotina das pessoas?

R) Na maioria das cidades brasileiras, a principal forma de anunciar, a que mais recebe investimento é o conjunto Facebook, Instagram e Google Ads. A escolha sobre em que rede social investir, depende de cada segmento. Depende da estratégia de cada campanha. Pois, o público não é homogêneo, acertar esses anúncios depende de uma leitura apurada da estratégia da campanha e do público, de testes de respostas e aferição das taxas de retorno. Como ontem, os aplicativos do Facebook e Instagram ficaram off-line, todas essas estratégias de marketing precisaram ser revistas. Vamos imaginar um cenário onde uma marca resolveu promover uma ação de divulgar um produto e que parte dessa campanha seria um sorteio, uma live com um influencer, com publicidade paga. Tudo foi em vão. O recurso deixa de ser gasto. Porém o timing da campanha, a data, a transmissão ao vivo, não poderia ocorrer.

P) Quais setores mais perderam com esse apagão na Capital?

R) Como o prazo de apps fora do ar foi pequeno, entre 6 e 9 horas para restauro completo das funções de cada aplicativo, alguns setores que reclamaram foram restaurantes e pizzaria que atendem recebendo pedidos pelo WhatsApp ou ainda recebendo reservas. Algumas redes de farmácias também deixaram de vender no app, nesse período. Hoje, quase todos os sites comerciais, têm um contato direto para WhatsApp. Todos deixaram de falar com seus clientes.

 

P) E a ligação? Voltamos ao telefone?

R) Uma marca dessa nova geração que está entrando no mercado de trabalho é não usar o telefone para fazer ligação. É muito comum ouvi-los dizer “só ligue se for urgente”, “ligou pra isso? Podia ter mandado um WhatsApp”e por aí vai. Pesquisas mostram que eles consideram receber uma ligação telefônica, como algo quase constrangedor. Algo que invade suas privacidades. Inclusive, as marcas de produtos voltados aos públicos mais novos, não se comunicam mais por telefone há vários anos. Mudou a forma de atuar. É ao mesmo tempo que mais próxima por conta dos Apps como WhatsApp e Instagram, mais distante por que ligações não são toleradas.

P) Essas consequências reverberam em muitos outros cenários?

R) Sim. Como foi uma ação global, ontem, na Europa, tinha um canal de televisão com um desses programas de auditório com votação ao vivo pela internet, eles remarcaram outro episódio pois o público não pode votar online.

NENHUMA VERSÃO

Facebook não se importou em dar uma versão oficial para o que ocorreu ontem. Apenas publicou: “Para todos que foram afetados pela interrupção das nossas plataformas hoje: sentimos muito. Sabemos que bilhões de pessoas e negócios em todo o mundo dependem de nossos produtos e serviços para permanecer conectados. Agradecemos sua paciência”, disse o Facebook.

Com isso, aumentou ainda mais os rumores de que poderia ser uma queda pra tratar de alguma falha grave de segurança em seus sistemas. Hoje o Facebook tem acesso a dados cadastrais, dados de perfis de uso, preferências do usuário, locais que frequenta, tipo de alimentação, ciclos de amizade e convívio social. Mas além disso, tem acesso a milhões de dados bancários, cartões de créditos de clientes que anunciam em suas plataformas globalmente.

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