terça-feira, 8 julho, 2025
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Dom Pedro Fedalto: rara memória da vida paranaense faz 95 anos

Dom Pedro Fedalto: lucidez a toda prova

Foi resistente ao arbítrio, sem ser de esquerda; criou a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Curitiba, nos “anos de chumbo”. Foi sempre o típico “Bom Pastor”, sem veleidades intelectuais ou vaidades

 

Muitos amigos não me deixam esquecer desta data de hoje, 11 de agosto, a do aniversário, 95 anos, do arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto. Dentre esses amigos, cito dois incondicionais admiradores do arcebispo que passou quase quatro décadas como pastor dos católicos de Curitiba: Rafael Pussolli, provedor da Casa dos Pobres São João Batista, e Sandro de Castro, administrador hospitalar.

A importância de dom Pedro é enorme, para a construção de um saudável relacionamento da Igreja-instituição com a comunidade. Essa qualidade dele eu apontei, por exemplo, a fazê-lo personagem de meu livro “Vozes do Paraná – Retratos de Paranaenses”.

Com o perfil intitulado “Tu és Pedro”, mostrei as raras características pastorais desse homem sábio e simples, que não se doutorou em Roma mas se tornou exemplo de bispo. Foi pastor por excelência. E corajoso.

Lembro bem que nos anos 1970 – lá pelos chamados anos de chumbo, com a democracia negada por ditadores -, o arcebispo enfrentou críticas e ameaças: abrigou em sua residência a professora Juracilda, apontada como “subversiva”, procurada pelo Dops e militares, e perseguida até entrar na Cúria. Lembro mais ainda: quando a ecologista de porte nacional, Teresa Urban (in memoriam) foi condenada pela justiça militar por supostamente ter infringido a Lei de Segurança Nacional (agora derrocada), ele conseguiu com o comandante da Quinta Região que Teresa (também jornalista) cumprisse a prisão de uns dois anos numa casa de religiosas localizada nas Mercês.

Rafael Pussoli

Na mesma época, surpreendeu mais naqueles dias “terribilis”: criou a Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz, com gente de ponta, como Newton Freire-Maia, Eduardo Rocha Virmond, jornalista Maí Nascimento Mendonça…Foi uma “inovação” surpreendente, depois seguida em outras dioceses.

E, dias atrás, registro ainda: recebi para almoço o meu amigo professor Frank Mezzomo, da Unespar de Campo Mourão, historiador, que está preparando um livro sobre a importância do falecido bispo daquela cidade, o potiguar Dom Eliseu (in memoriam). Veio a Curitiba para entrevistar Dom Pedro, um repositório de informações sobre o catolicismo no Paraná – e a Igreja é instituição que é co-fundadora do Brasil, não esquecer.

Esse homem que é referencial para análise de partes de nossa História, mantém-se saudável. Mas o que mais chama a atenção é a lucidez, ampla memória presente e pretérita. Tudo impressionante para um ser de 95 anos. Ad multos annos, dom Pedro, “Bonus Pastor”.

 

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