terça-feira, 1 julho, 2025
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Imprensa: Eliseu Tisato despede-se do jornal em que foi presença maior desde 1999

O jornalista Eliseu Tisato foi por quase 22 anos a mais forte referência do jornal Indústria & Comércio de Curitiba, publicação tradicional de particularmente na área de balanços e editais. Ele se concentra agora nos serviços de “full service” comunicação que sua empresa, Vulgata, vem prestando há 10 anos.

 

Só quem viveu a realidade da indústria jornalística em suas múltiplas etapas – meu caso -, indo do chumbo aos primeiros passos para o off-set, e depois à imposição do mundo digital, pode avaliar a relevância do papel exercido por Eliseu. Até porque ele é raridade profissional em nosso meio, pois consegue ter amplo domínio do jornal impresso e, ao mesmo tempo, enorme familiaridade com o mundo da web e seus desdobramentos on-line. Por isso, garanto: ele foi vital para que o resistente jornal se mantivesse ativo, a despeito das enormes dificuldades.

São Jerônimo

Direto, simples como só os bem equipados psicologicamente sabem ser, Eliseu viveu quase 22 anos de I&C, do qual se despede com o texto que segue. O profissional segue a vida, concentrando-se no seu próprio negócio, a agência Vulgata, uma empresa de “full service” comunicação e marketing. É isso mesmo, comunicação integral é o que a Vulgata faz, oferecendo múltiplos serviços a uma clientela do país todo. Publicidade e propaganda, design, assessoria de imprensa, fotografia, filmagens, desenvolvimento de sites, artes gráficas, entre outros. A Vulgata, inspirada no modelo das novas agências francesas, é pioneira no Brasil atuando e abrangendo todos os segmentos da comunicação.

O perfil multifacetado de Tisato é instigante: ele tem num átimo de tempo, soluções para todos os tipos de “encrencas” que, na rede, atinjam seus clientes.

Por exemplo: você quer escapar da sanha de concorrentes ou adversários que derrubam seu site,procure a a Vulgata, de Tisato, que lhe indicará econômicas e prontas soluções que podem estar até no exterior, à prova de hackers.

Soluções, curiosamente, de um mundo tecnológico que não para de nos surpreender, garantidas por alguém que acabou se inspirando na – de alguma forma – na tradução que São Jerônimo fez da Bíblia, no século 3, para cuidar de seu próprio negócio.

Jerônimo, para lembrar, inaugurou a “full” comunicação, dominando as linguagens essenciais de seu tempo – Aramaico, Hebraico, Grego, Latim…com isso, fala até hoje com o mundo.

Leia a mensagem do comunicólogo:

OPORTUNIDADE DE AGRADECER

A partir de hoje, (7-4-21) não sou mais diretor de jornalismo do Diário Indústria & Comércio. Mas, não quero falar sobre despedidas, quero falar sobre gratidão. Em 1999, eu trabalhava em outro jornal de Curitiba e, entre tantos sonhos e ambições de então um Eliseu, ainda jovenzinho, percebi que precisaria ter mais que um emprego. Pois, avesso a sensação de desemprego, decidi que sempre trabalharia em mais de um lugar, procuraria sempre fontes alternativas de renda. Aceitei o desafio proposto pelo empresário, que viria a descobrir ser um pai, Odone Fortes Martins. Na história do DI&C, eram tempos difíceis, conturbados, mas, de oportunidades. Muitas.

Jornalista Eliseu Tisato

Chances de conhecer pessoas, jornalistas, empresários, políticos, diplomatas, autoridades, entre tantas outras portas que só a imprensa proporciona. Isso me motivou a ficar, a crescer, a aprender e compreender que havia um mundo na comunicação a ser explorado. De designer, passei a me dedicar, estudar, compreender o jornalismo. Uma paixão que me fez trabalhar 22 anos sem faltar um dia sequer. Muito além de narrar o que ocorria no cenário do Paraná, eu me dediquei a entender os meandros, as entrelinhas, as intenções.

Virei professor em faculdades de jornalismo, faço parte da diretoria da Associação Paranaense de Imprensa, fundada em 1934. Fui premiado pelo destino, com o cargo de editor-chefe. Entre os veículos de imprensa, tradicionais do Paraná, fui quem ocupou esse cargo mais jovem. Mais uma vez gratidão, pela confiança depositada em mim!

LIVRES DE AÇÕES

Nesse cargo, tenho imenso orgulho por alguns dados como: desde que assumi a liderança do jornal, não tivemos uma ação trabalhista sequer. Essa equipe que deixo trabalhando hoje, na redação, tem em média 17 anos de casa. Sendo que o mais novo a entrar, tem mais de 15 anos.

Neste período em que fui diretor de redação no DI&C, recebi homenagens de reconhecimento na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa, no Governo do Paraná e de outras entidades de classe. O ambiente para convívio e trabalho na redação é hoje o melhor possível. Equipe preparada, bem afinada e com ampla polivalência de competências técnicas.

Podemos dizer que talvez tenhamos a única redação do Brasil em que e todos os jornalistas são aptos para os desafios das mídias modernas.Todos os jornalistas estão preparados para iniciar e fechar o jornal. Pauta, notas, matérias, colunas, diagramação, atualização do site, tratamento de imagens, fechamento de arquivo para gráfica. Tudo. Quem é do meio sabe que isso não existe nas redações.

Muito orgulho disso! Uma pequena grande equipe! Buscando essa integração dentro da comunicação, que só estando no DI&C me foi possível, pude aprender as novas frentes.

Por exemplo, em 2003, estávamos sem site. Eu aprendi, ainda em Joomla, uma tecnologia já obsoleta, a fazer um site. Era fácil aprender. Estava lidando com minhas paixões. Jornal, informação e tecnologia.

VENDO OUTRO LADO

Ver do lado de lá, como os empresários sofriam com assessorias que não conheciam as rotinas da imprensa, comunicação empresarial, que não dizia o que esses empresários precisavam dizer, campanhas que não comunicavam, tudo isso me motivou a abrir ao lado da minha esposa e também jornalista, Fran Lima, a Vulgata.

Também feita com essa paixão, há quase 10 anos tínhamos a primeira empresa de comunicação que atuava em todas as frentes no Brasil. Hoje está na moda o termo full service, que seria dizer que a empresa “faz tudo”, muito embora, poucas no Brasil realmente o façam. Tínhamos certeza de que esse seria o caminho.

Reunir numa só conversa, integrar o empresário com especialista em marketing, designer, publicitário, relações públicas, jornalista, fotógrafo, cinegrafista, web designer e os demais profissionais que fossem necessários para receber, planejar e executar a demanda. Sem intermediários, sem atravessador, sem terceirização. Deu certo.

Hoje os números da Vulgata nos surpreendem. Mesmo diante de um cenário adverso com pandemia, crescemos e temos pouco mais de 60 contas. Clientes em mais de 25 shoppings centers. Clientes em segmentos diversos espalhados pelo Paraná, Santa Catarina, São Paulo e até Miami (EUA). Campanhas em revistas, TV, jornais, mídias sociais, rádio, outdoor… Esse trabalho, me exige tempo, todo o tempo. Por isso a decisão de optar por novos rumos.

TEMPO DE AGRADECER

Agora é então, mais uma vez, hora de agradecer aos amigos Odone Fortes Martins e Irene Morva Martins, por toda oportunidade, pelas lições, pelas longas conversas e madrugadas trabalhando juntos em campanhas políticas! Agradecer por tudo que a vida me proporcionou por intermédio das suas mãos. Agradecer por ter atendido meu pedido de não reduzir salários, não dispensar ninguém, mesmo durante a pandemia.

Tenho orgulho dessas atitudes de vocês dois! Quero fazer aqui um ressalto: Jamais, em nenhuma oportunidade sequer, alguém da casa, seja do departamento comercial ou da direção, me fez aqueles pedidos escusos como “bate nesse, alivia para aquele”. Nunca. Durante os 22 anos, tive liberdade para publicar, sem qualquer tipo de censura prévia ou repressão posterior, tudo que achei que fosse notícia relevante. Não apenas eu, mas, todos os jornalistas da casa. Nunca tive pedido de nomes a não citar, nunca tive pedidos de empresas a preservar. Que honra, Odone Martins! Preciso agradecer de coração a cada funcionário que trabalhou comigo no DI&C.

São centenas de nomes de jornalistas, colunistas, articulistas, de outros departamentos como administrativo, financeiro, comercial, gráfica. Todos estão em meu coração! E o que dizer dos colegas, assessores de imprensa? Como vocês são importantes no jornalismo moderno, com as redações a cada dia menores. Vocês são um pilar de forte sustentação que garante, mais do que nunca, portais, rádios, tvs e jornais funcionando por todo o Brasil. A todos, que, sem exceção, nos foram muito solícitos, profissionais, honestos e prestativos, meu mais sincero obrigado! Vocês fazem a comunicação! Preciso também agradecer a uma jornalista, amiga, colega, Patrícia Vieira.

Detentora da mais alta competência, tenho alívio e paz pelo fato de que ela é a profissional que fica no meu lugar. Ela, que atuou durante os últimos 19 anos em muitas editorias, como saúde, negócios, arquitetura, política, geral, automóveis, fez a pauta como ninguém, tem um desempenho além do que se encontra na maioria das pessoas. Com aguçada sensibilidade para compreender entre o fato narrado e as intenções, seguirá, seguramente, alavancando o DI&C. A Patrícia, sempre fora uma apoiadora incondicional dos projetos levantados na redação.

Desde cadernos especiais, portal de notícias com ampla atualização, presença ativa nas redes sociais, uma série fenomenal de 100 entrevistas com empresas do Paraná (que orgulho, mulher!), até um programa no Youtube – I&CTv, em que arquitetos, médicos, advogados, professores, cônsules, entre tantas outras personalidades do Paraná, são entrevistados.

Vou concluir dizendo que saio do jornal, com o peito cheio de gratidão, salário em dia (sim, isso tem sido regra há quase duas décadas e infelizmente, não é comum na imprensa brasileira), com muita vontade de ver esse time fazendo história! Vida longa ao Diário Indústria & Comércio!

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