1 | Eles poderiam simplesmente estar vivendo o chamado ‘ócio com dignidade’ que, além de expressão latina consagrada e definidora de um estilo de vida, é também o nome de uma das obras mais significativas do sociólogo italiano Domenico Demasi.
Mas não. Preferiram continuar no campo de batalha, no qual se iniciaram muito jovens ainda, contando, é verdade, com excelentes raízes familiares e sólida educação formal.
São originários de Santa Catarina, há 45 anos em Curitiba. São curitibanos por direito de conquista.
Luiz Fernando de Queiroz e a mulher, Elin Tallarek de Queiroz, são personalidades especiais do dia-a-dia curitibano. Digo isso sem favor nem como concessão ao carinho que voto aos meus dois afilhados de casamento.
2 | Eles não frequentam colunas de “potins” nem buscam ‘brilho social’. Teriam todo o perfil (inclusive posses, discretamente mantidas) para circular nesse universo de ‘socialites’. Nunca o fizeram.
São gente de espírito cultivado, que prefere, em lugar disso, transitar pelo mundo, com especial atenção à Alemanha e Estados Unidos, onde estudaram.
Dentre exemplos de dedicação comunitária por eles repassados generosamente à cidade de Curitiba, e que já apresentei no volume 2 de Vozes do Paraná, estão os trabalhos voluntários com os chamados “Zeladores de Vizinhança”.
Mais do que manter sólida e treinada equipe para consertar imóveis públicos e pintá-los (como cadeias e escolas, além de orfanatos e asilos), o projeto “Zeladores de Vizinhança” é a única iniciativa privada que conheço, no Paraná, de preservação do ambiente público urbano. A despichação de casas e muros é um dos grandes exemplos, trabalho que, infelizmente, os vândalos não deixam parar.
3 | Poderiam também Luiz Fernando de Queiroz e Elin estar resguardados em recursos públicos para essa tarefa (é apenas uma das suas ações comunitárias). Mas fazem tudo às próprias custas, com o apoio apenas de duas empresas, que fornecem cal para despoluir muros e casas.
Há vestígios claros da ação dos “zeladores”, limpando pontos (como orelhões) tomados por vândalos pornográficos e suas mensagens idem; e Queiroz e Elin podem facilmente ser identificados com a própria nova qualidade do calçamento curitibano: é só percorrer a vida e obra do casal e o leitor identificará quão ‘proféticos’ ‘eles foram, advogando os pisos que hoje identificam as novas calçadas da cidade. Isso é parte, com certeza, da catequese a que deram o nome de “Calçadas Nota Dez”.
O governador Beto Richa, quando prefeito, ganhou um dos tijolos do projeto, o troféu com que Elin e Luiz Fernando reconhecem ações concretas em favor da boa mobilidade urbana. Quem tem mais autoridade do que eles, nesse capítulo de dedicação à cidade?