
Alívio e alegria são os sentimentos que Suzana Nemeth, de 79 anos, diz sentir após ser a primeira paciente no sul do Brasil a fazer uma cirurgia de retirada de câncer no fígado – a hepatectomia – com o uso do robô “Da Vinci XI”, considerado o mais moderno do mundo, conforme o Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG).
A idosa mora em Paranaguá, no litoral do Paraná, e se deslocou até a capital para fazer o procedimento no HNSG.
Conforme o médico Eduardo José Brommelstroet Ramos, que comandou a cirurgia, Suzana está muito bem, fazendo apenas quimioterapia via oral.
“Para fazer corte em uma paciente obesa, que usa anticoagulante, tem muito mais risco do que fazer pequenas incisões. A última fronteira sempre é o fígado e o pâncreas, que são cirurgias mais complexas, com chances maiores de sangramento e complicações. Ser operada na forma robótica trouxe apenas benefícios e segurança para ela”, comentou.
Outras duas cirurgias com o Da Vinci XI, feitas no HNSG, foram pioneiras no estado, como:
A primeira cirurgia bariátrica, realizada pelo cirurgião do aparelho digestivo Giorgio Baretta;
A primeira retirada de câncer no pulmão, feita pelo cirurgião torácico Adrian Schner;
“Principalmente para os pacientes oncológicos, eu acho que é muito importante que o quanto antes eles se recuperam do procedimento cirúrgico, porque assim eles ficam habilitados para encarar o resto do tratamento mais rápido. A recuperação da cirurgia com robô permite que não se atrase o tratamento complementar, assim as chances de cura são maiores ainda”, comentou Schner.

COMO FUNCIONA?
O Da Vinci XI foi implantado em março deste ano no hospital e funciona por meio de controles manuais, que permitem ao cirurgião telecomandar os quatro braços robóticos e, assim, alcançar órgãos de difícil acesso.
Desta forma, o robô evita cirurgias convencionais abertas e apenas simula os movimentos delas. Segundo os médicos, a duração dos procedimentos é um pouco menor.
“A vantagem do robô é, primeiramente, a ergonomia do cirurgião, ele trabalha sentado na mesa de controle. A câmera pela qual a gente têm acesso ao paciente nos dá uma visão 3D. As pinças do robô são articuladas como se fossem o punho do cirurgião. Isso permite que a cirurgia fique mais precisa, menos traumática, com menor incidência de sangramento, de dor, uma recuperação mais rápida e, até mesmo, uma alta hospitalar mais precoce”, explicou o médico Giorgio Baretta.
PARADA AUTOMÁTICA
Caso o cirurgião tire o rosto da tela de controle, o robô para automaticamente, segundo o hospital. Além disso, outros profissionais ficam ao lado do paciente para atender a eventuais necessidades.
“Com a tecnologia robótica, a gente acaba tendo que ter a parte anestésica igual, mas a equipe cirúrgica diminui, em geral fica um auxiliar em campo e um instrumentador”, pontuou Adrian Schner.
Para utilizar o robô, os médicos precisam ser certificados e, para isso, passam por cursos teóricos, além de treinamentos práticos e em simuladores fora do país, de acordo com a unidade.
AS ARTES DO DA VINCI
O HSNG não informou qual foi o valor do investimento para implantar o robô mais moderno na unidade.
Cirurgia usando mãos e pés
O médico Eduardo José explica que os cirurgiões utilizam, por meio do robô, instrumentais que permitem uma grande amplitude de movimentos.
“As pinças conseguem fazer o movimento em 360°, é um grande avanço.
Hoje, a cirurgia com o Da Vinci mais utilizada ainda é a de próstata porque a pinça consegue fazer todos os movimentos em um espaço muito pequeno”, disse ele.
Assista abaixo um vídeo que o hospital preparou usando o robô Da Vinci sobre o “Novembro Azul”, com o objetivo de conscientizar sobre o câncer de próstata e a saúde do homem:
O cirurgião ainda comenta que todas as cirurgias feitas com o Da Vinci no Brasil são gravadas pela empresa responsável.
Segundo Eduardo José, já está sendo estudada uma inteligência que se, por exemplo, o médico fizer um movimento intempestivo, que não seja adequado, o robô vai bloquear a ação.
Especialidades e custos
De acordo com o hospital, entre as especialidades beneficiadas com o robô Da Vinci XI também estão:
Urologia
Ginecologia
Cirurgia do aparelho digestivo
Cirurgia cardiotorácica
Cirurgia bariátrica
Otorrinolaringologia
Algumas indicações de neurocirurgia.Os médicos apontam que apesar das novas tecnologias revolucionarem a medicina, elas também exigem um maior investimento, tanto dos hospitais quanto dos pacientes. Uma cirurgia com o robô custa, pelo menos, o dobro de uma convencional.
(G1-PR)