Em entrevista que me concedeu para a próxima edição do livro Vozes do Paraná (volume 12), o secretário chefe da Casa Civil aborda o perfil da nova geração que ocupa os principais cargos da política no Paraná; examina o Paranismo e também explica suas origens de administrador especialista em comércio exterior.
Guto Silva reconhece no governador Ratinho Junior, e em si mesmo, parte de uma nova geração política paranaense – herdeiros das Diretas Já. O grupo, disse, está profundamente comprometido com alguns postulados, como o da menor interferência do estado na vida da comunidade, uma ampla inserção no social, em busca de superar desigualdades de qualidade de vida existentes em todos os municípios do Paraná, e viver a plena social democracia, tal como seu partido, o PSD, postula.
UM MINI-PERFIL
Filiado ao Partido Social Democrático (PSD), Guto Silva, 43 anos, é casado com a terapeuta ocupacional Karina Amadori (hoje artista plástica), com quem tem dois filhos: Francisco (10) e Mariana (8). Nasceu em Maringá em 1977, cidade das famílias materna e paterna – seus pais foram professores de educação física da rede estadual. O pai de Guto, Rafael Silva, foi zagueiro do Grêmio Maringá entre 1976 e 1981, entre outros times do Paraná e de São Paulo.
RECURSOS HUMANOS
Guto Silva é pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos e tem MBA em Gestão de Negócios pela FAE Business School e, atualmente, faz doutorado em Gestão de Negócios pela Universidad Nacional de Misiones/Argentina. Atuou por dez anos como professor universitário. Na área acadêmica publicou dois livros pela editora aduaneiras: “Logística no Comércio Exterior” e “Gestão Global”.
De certa forma, foi um jovem globe-trotter: andou pela Europa, como estudante, tendo também vivido como garçom na Inglaterra para fortalecer sua vida acadêmica (bolsista da Capes).

POLÍTICO “POR ACIDENTE”
Começou sua trajetória política “por acidente”, como diz, em 2008, quando foi o vereador mais votado em Pato Branco. Posteriormente, a partir de 2012 atuou à frente da subchefia da Casa Civil do Governo do Estado do Paraná, cargo que ocupou até março de 2014.
Deputado estadual eleito em 2014 e reeleito em 2018 com 66.412 votos, foi membro das comissões de Constituição e Justiça, e da Indústria e Comércio Emprego e Renda da Assembleia Legislativa. Ainda no Legislativo estadual, Guto criou e presidiu a Frente Parlamentar de Defesa do Comércio.
COMÉRCIO EXTERIOR
Guto também é empresário na área de comércio exterior e consultor internacional de empresas, consultor internacional do Sebrae/PR e já esteve em cerca de 50 países realizando negócios internacionais. Durante quatro anos, estudando e trabalhando fora do país, passou por Londres (Inglaterra), Braga (Portugal) e Salamanca (Espanha).
NOVA GERAÇÃO
O secretário chefe da Casa Civil do Paraná, bem como o governador, vem de uma nova geração que passa a ocupar os principais cargos do Executivo e Legislativo no Estado. Segundo Guto Silva, tanto ele quanto Ratinho Junior são “frutos de um momento político específico”, geração posterior aos pioneiros das Diretas Já na redemocratização.
Entre seus ideais e práticas na gestão, podem ser destacados a social democracia (lema do PSD), a livre iniciativa, a interferência reduzida do Estado na economia (na medida do possível, segundo Guto), os investimentos em infraestrutura e as ações sociais, para tentar “reduzir a desigualdade dos cidadãos de todos os 399 municípios”.
PACIFICAR E AGILIZAR
Para Guto Silva, sua função na Casa Civil do Paraná é a de “pacificar e agilizar” as relações entre o governo e a Assembleia. Entre as principais áreas com projetos em andamento no Estado, Guto destaca o setor de infraestrutura.
“Nosso setor de agronegócio dobra de tamanho a cada 10 anos, mas a infraestrutura base do Paraná ainda está muito dependente do modelo dos anos 1980 e 90, com o anel viário. Estamos implantando um novo plano logístico que envolve a malha ferroviária e os aeroportos regionais.
CEM MIL A MENOS
A estimativa para este ano é de 100 mil caminhões a menos circulando nas rodovias devido ao fluxo pelas ferrovias do Paraná”, destaca o secretário. Vale lembrar que a Ferroeste rompeu um déficit histórico em 2019, com lucro de R$ 500 mil. Neste ano, até março, o superávit da ferrovia é de R$ 1,5 milhão.
ANEL VIÁRIO
Silva ressalta que a ampliação do anel viário vem sendo tocada com obras nas rodovias 280 (sudoeste), 092 (Jacarezinho até Ponta Grossa) e 323 (Cianorte até Umuarama). “São obras que dependem do governo federal, mas estamos implantando um modelo que reduz os preços e acelera as obras, na medida do possível diante da pandemia.”
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Outro “sinal dos tempos” que marca a geração de Guto Silva e Ratinho Junior, entre outros jovens gestores brasileiros, é a busca pelo fim do estigma das privatizações, concessões e parcerias público privadas (PPP). “As ferrovias são um ótimo exemplo de PPP que funcionam, com vários modelos de sucesso pelo mundo”, pontua Guto.
Já em relação às eleições municipais de 2020, o secretário é cauteloso no “exercício de futurologia”. “O pleito está aberto em Curitiba e nas principais cidades do Estado. Nossa avaliação é a de que ainda não é o momento de falar de eleição, pois as pessoas ainda não estão pensando nisso. O cidadão se vê diante do risco de perder o emprego com as indefinições causadas pelo coronavírus, o foco da sociedade agora é outro”.
PARA DEZEMBRO
Contudo, Guto Silva pondera que as eleições municipais devem acabar sendo adiadas para dezembro. “É a expectativa, que deve ser definida em breve pelo TSE. Sobre o cenário curitibano, além do Ney Leprevost, que deixou o cargo no governo para concorrer, temos alguns outros ‘players’ fortes, todos com chances reais: o prefeito Rafael Greca, que busca reeleição; o ex-prefeito Gustavo Fruet; e o deputado Fernando Francischini”, enumera.