
A propósito da nota “Dos Leitores: Assad esclarece sobre estações-tubo”, publicada na última terça-feira (16), o arquiteto Abrão Anis Assad, “pai” das estações-tubo que desde 1991 são um ícone de Curitiba, e que acaba de repaginar tecnologicamente o equipamento agora apoiado em políticas de sustentabilidade, esclarece enfaticamente: o projeto da estação-tubo desenvolvido pela PROARQ Arquitetura não é de sua autoria.
Assad também não é, em momento algum, dirigente ou sócio da PROARQ, como quer supor a legenda da ilustração publicada terça-feira por este espaço.
O erro aconteceu na diagramação, ao incluir uma imagem de proposta de um escritório de arquitetura, no lugar do anteprojeto de Abrão Assad.
NADA DE BALANGADÃS
“Lastimável engano atribuir a nós a ideia maluca apresentada na sua coluna (terça feira), da Estação Tubo com uma floreira pendurada na cabeça. Desconheço os autores de tal façanha”, diz Assad. Em tom de blague, o arquiteto, vítima de críticas recebidas desde a veiculação da ilustração de um projeto supostamente atribuído a ele, diz que “a memória do mobiliário urbano de Curitiba não merece ganhar ares de Carmem Miranda com seus balangadãs”.
FUTURISMO E TRADIÇÃO
Devidamente repaginadas, as estações-tubo, conforme projeto de Abrão Assad desenvolvido há quatro anos, mantinham o desenho básico, em forma de tubo, mas convivendo com as modernas práticas de mobilidade e sustentabilidade, como mostra trecho da exposição de motivos publicada adiante.
Os tubos idealizados por Assad e apropriados ao século XXI, mesclando tradição e futurismo, teriam uma aparência como as da imagem abaixo, quando a nova geração de tubos se encaixa na paisagem da Travessa Nestor de Castro – fundos da Catedral Basílica -, e fazendo contraponto com o painel, que igualmente reproduz o equipamento de uso para o sistema de transporte, idealizado nos anos 1990 pelo falecido artista plástico Poty Lazzarotto.

O ANTEPROJETO, PASSO A PASSO
Há cerca de quatro anos, o anteprojeto de Assad, parcialmente publicado abaixo, com patrocínio da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) e financiamento a fundo perdido do Banco Mundial, expunha detalhadamente a tradição repaginada que por ora ainda não saiu do papel.
SEGUE TRECHOS DO RELATÓRIO FINAL DO ANTEPROJETO PARA UM NOVO MODELO CONCEITUAL DE ESTAÇÃO.
Descrição e quantificação dos benefícios operacionais e ambientais do novo modelo da estação tubo em relação ao padrão atual da cidade de Curitiba.
“O anteprojeto do novo modelo de Estação Tubo de Curitiba propõe uma releitura das atuais estações, possibilitando sua atualização com melhorias, sem perder suas características originais, as quais conferem a este mobiliário urbano, estreita identidade com a nossa cidade. Estas modificações serão percebidas como uma evolução nos detalhes construtivos, nos arranjos estruturais, e funcionais, suficientes para melhor atender as atuais e as futuras necessidades do sistema. A proposta é desenvolver um novo modelo, com pequenas alterações nas dimensões e na organização espacial, permitindo ao usuário estabelecer uma relação de similaridade com as estações existentes, as quais representam 364 unidades no todo, preservando desta forma, o conceito e a unidade do conjunto.
MODERNIDADE DINÂMICA
E continua o anteprojeto: “Curitiba é considerada cidade modelo, graças ao empenho contínuo do poder público local e de profissionais que dedicaram nos últimos 45 anos, todos os seus esforços na busca de um planejamento urbano que tem como parâmetro o homem e o seu ambiente.
A cidade conquistou ao longo destes tantos anos, com soluções criativas, um nível de qualidade invejável que merece ser preservado e se necessário, aperfeiçoado. Dentre tantas é exemplar a Estação Tubo, solução adotada para o transporte de massa com plataformas cobertas de embarque e desembarque em nível, e com acessos controlados.
E mais; tarifa única, veículos maiores e mais adequados aos diversos tipos de linhas: expressos, alimentadores, interbairros, diretos ou ligeirinhos, todos coadjuvantes da denominada “Rede Integrada de Transporte”. Isso proporcionou um salto de eficiência comparável a soluções mais sofisticadas, daí, a denominação popular dada a este nosso sistema de “Metrô de Superfície”.
TUBOS SÃO PARTE DE UMA GERAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
O desenho da Estação Tubo é parte integrante dos demais equipamentos urbanos de Curitiba, e deles indissociável, compondo na unidade de tratamento, a nossa paisagem urbana. Todas as partes deste conjunto se reportam umas às outras de forma harmoniosa e identificadas com a nossa maneira de ser e de fazer, na medida e na escala do homem e da metrópole. A dinâmica da cidade e a busca da qualidade do transporte urbano exigem um contínuo aprimoramento do sistema. Lembrando que a Estação Tubo é um dos ícones da paisagem urbana de Curitiba e que juntamente com a Rua 24 Horas, Estufa do Jardim Botânico e outras obras, todas projetadas em ferro e vidro, pertencem ao patrimônio desta nossa cidade.
CARACTERIZAÇÃO E IDENTIDADE
Assad conclui a primeira parte expositiva do anteprojeto ao dizer que “O projeto do novo modelo de estação é o aprimoramento da atual, com as devidas qualificações necessárias ao seu pleno desempenho, bem dimensionada, eficiente na manutenção e na segurança para atender as várias modalidades e situações.
O grau de excelência do desenho de um determinado equipamento urbano, está na sua capacidade de suportar as novas e crescentes demandas e oferecer alternativas mais eficientes, sem ruptura nem descontinuidade, preservando sua concepção original, sem desvirtuar ou abandonar a sua essência, corrigindo eventuais deficiências e valorizando deste modo o que é genuinamente nosso.
Assim, é possível revitalizar o modelo da Estação Tubo sem descaracterizá-la.”
