A relatora independente da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento,
Catarina de Albuquerque, afirmou “ser importante os países e governos
se prepararem para evitar a falta d’água”.
A reportagem é de Edgard Júnior, publicada por Rádio ONU, 24-10-2014.
Em entrevista à Rádio ONU, esta quinta-feira, aqui em Nova York, Albuquerque falou sobre o relatório que apresentou sobre sua visita ao Brasil, no ano passado.
É fundamental: “Aquilo que eu disse na altura, eu digo agora e é o que digo relativamente a qualquer país que tenha problemas de escassez de água. É fundamental em tempo de abundância planejar e prepararmos para tempos de escassez, tempos de escassez de água, de recursos. Tem que se investir em infraestruturas, e tem que se muito claramente ter um quadro normativo e político que permita estabelecer que em tempo de escassez, a prioridade é para as pessoas.”
A relatora independente da ONU citou também o problema da falta d’água em São Paulo.
“É o que eu digo também no caso de São Paulo. Era importante ter havido mais planejamento, mais investimento em infraestruturas, sendo certo que essa crise hídrica foi além de qualquer previsão. Mas a verdade é que com as alterações climáticas nós estamos fazendo face cada vez mais a eventos climatéricos extremos, vamos da seca para as inundações.”
DETROIT
Catarina de Albuquerque falou sobre sua visita aos Estados Unidos, especificamente à cidade de Detroit, onde recomendou às autoridades que restabeleçam o fornecimento de água para as famílias mais pobres.
Segundo ela, 40% da população vive abaixo da linha da pobreza e muitos estão desempregados e por isso não podem pagar a conta d’água.
Em pronunciamento a 3ª Comissão da ONU, a relatora citou o processo de participação da população em questões ligadas a decisões importantes adotadas pelos governos.
LIVRO
Ela disse que os países devem incentivar essa participação popular. Para Albuquerque, os programas implementados pelos governos têm melhores resultados quando as pessoas são ouvidas.
A relatora lançou essa semana um livro que serve como um manual sobre os direitos à água e ao saneamento. Ele cita exemplos de temas de boas práticas de vários países e de obstáculos enfrentados nesses processos. Catarina de Albuquerque disse que a obra tenta ser mais ativa e interativa com o objetivo de desmistificar o que é o direito humano à água e dar dicas concretas para a implementação desse direito.