Requião construiu ser dono de atitudes autoritárias, impositivas, imperiais.
A propósito das ligações do policial Délcio Rasera com Roberto Requião, de quem foi assessor especial no Palácio Iguaçu, a coluna transcreve artigo de Celso Nascimento, 2 de outubro de 2006, sobre o assunto ontem aqui abordado:
“A imagem construída por Requião ao longo de sua trajetória política foi a de um político dado a atitudes autoritárias, impositivas, imperiais.
Para muitos, tal comportamento não era defeito, mas virtude. Tanto que se elegeu deputado em 1982, prefeito em 1985, governador em 1992, senador em 1994 e novamente governador em 2002. Encarnava a figura do político autêntico, veraz, corajoso – artigo raro na política brasileira.
Graças a essa imagem – a de King Kong das araucárias – foi que se elegeu governador em 2002. Apresentou-se ao eleitorado como homem capaz de realizar promessas, de transformar em realidade alguns dos anseios da população.
A antológica promessa de “baixar ou acabar” com o pedágio foi uma das mais vistosas e eleitoralmente mais decisivas de suas promessas.
Quatro anos após, depois de tantas vezes martelada na campanha a ideia de que não podia tanto quanto prometia, Requião perdeu a capacidade de embalar suas novas promessas com a capa da segurança de que iria cumpri-las. E, como se sabe, não há nada pior do que isso para um candidato que se apresenta como o único com condições de propor, realizar sonhos e arregimentar simpatias.
Sucumbiu também a imagem do déspota esclarecido, substituída pela do truculento. Nesse sentido, pode ter-lhe sido fatal, por exemplo, sua tentativa de calar a imprensa, intimidando-a com pedidos de censura prévia e com a quebra do sigilo telefônico de jornalistas. O que certamente reforçou a crença de que – por que não? – poderia estar envolvido com as traquitanas de grampo de um de seus assessores, o policial Délcio Rasera, outro fator que lhe desgastou na reta final.
Como se livrar dessa imagem no segundo turno?”