Não tenho dúvidas de que Fábio Campana e sua Travessa dos Editores estão preparando aquele que será um dos mais retumbantes lançamentos editoriais deste 2014.
Trata-se de um livro, ainda sem nome, centrado sobretudo “na memória afetiva, as grandes lembranças de Jaime Lerner”, como me adianta Campana.
Há meses JL e Fábio, às vezes com a presença Luiz Carlos Cunha Zanoni, têm conversado longamente, em mesas de restaurantes; outras, no apartamento de Jaime. Estão preparando o livro, cuja publicação deverá ocorrer em dezembro.
2 – AS PRIMEIRAS PALAVRAS
Não se trata de entrevistas jornalísticas formais: “trata-se mais de captar uma viagem afetiva, e nela as marcas indissociáveis da vida do paranaense que é nossa mais forte presença no mundo”, explica o editor da Travessa.
O livro terá mesmo essa característica: um passeio pelo itinerário afetivo de JL, da infância, das primeiras palavras – proferidas em iídiche com os pais, dona Elza e seu Felix -, ao aprendizado das primeiras letras, o clima inesquecível do Colégio Estadual do Paraná, onde cursou o Ginásio e depois o Científico.
E, com certa fixação, exporá em alguns momentos vividos na rua Barão do Rio Branco, anos 40 a 60, em Curitiba, onde desabrochou o jovem Jaime para um mundo cheio de descobertas, como o bonde, o circo que montava com a piazada da vizinhança, os inocentes folguedos de uma meninice cheia de estímulos. Um deles, com certeza, a orquestra que tocava no auditório da Rádio Guairacá, com os músicos se levantado em certas passagens, “tal como nos filmes de Hollywood”.
3 – JAMILLE E VÍTOLA
Dessa fase do CEP, há a recordação muito forte de mestres que o marcaram, como os professores Vicente Vítola (avô de Paulinho Vítola) e Jamile Cury – “inesquecíveis”, e com quem foi ‘alfabetizado’ em francês, língua que domina.
E por falar em França e francês, as recordações de Lerner passam inevitavelmente por madame Hélène Garfunkel, a grande descobridora de talentos, que o encaminhou para os primeiros aprendizados internacionais, especializações em Paris.
4 –LIVRO DE 170 PÁGINAS
Para muitos pode surpreender, mas Jaime Lerner é mesmo um bom cronista, assegura-me ainda Fábio Campana que garante: “Assim, tão importantes quando as recordações de Jaime são suas crônicas, em que passeará sobretudo pela Curitiba, sua maior paixão de urbanista e político, cidade a qual deu nova configuração com sua revolução urbana dos anos 1970.
O livro terá “uma 170 páginas”, estima Campana, que conseguiu recolher para ilustrar a obra desenhos inéditos de Jaime, um ilustrador de primeira.
Haverá fotos históricas – infância, mocidade, grandes momentos, e especialmente boa parte dedicada a Fani, a sua paixão maior.