
A boa notícia para os que têm o mínimo de interesse por nossa história recente é o anúncio que Faruk El Khatib está fazendo chegar à multidão de amigos que ele cultivou em Curitiba ao longo dos anos:
Lançará, dia 4, na Livraria Curitiba, Shopping Barigui, seu livro de crônicas “De Porta em Porta a Nova York”.
Com o livro de Faruk, a importante editora nacional – a Senac, de São Paulo – inicia uma coleção de depoimentos denominada “Caminhos, Histórias e Legados”.
OBRIGATÓRIO
O estudo de casos notáveis capitaneados por empreendedores como Faruk deveria ser matéria obrigatória em escola de marketing e negócios (no caso dele, também de Comunicação Social).
Não é, infelizmente.
E apenas trabalhos esparsos – como este da editora SENAC – fazem o essencial caminho de redescoberta do tempo perdido. Uma redescoberta que é importante para que se entenda a história das ideias e do amadurecimento de cidades, como é o caso de Curitiba.
FUI TESTEMUNHA
Ao fazer observações desse nível, dou meu testemunho pessoal: vi e acompanhei os mais significativos passos dados por este “mascate do mundo editorial” no século 20, no Paraná.
Mais que mascate, Faruk foi sempre um visionário.
Começou, sob a liderança do pai, e com o apoio de irmãos, vendendo livros de porta em porta, pela histórica Câmara Brasileira do Livro (funcionava no Edifício Asa, Rua Vol. da Pátria).
Faruk foi essencial para os empreendimentos familiares. Isso, em parte devido aos amplos e irrestritos círculos de relacionamento que foi montando na sociedade paranaense.
Nos anos 1970/80, Faruk e família ousaram muito no mundo editorial. Uma das primeiras revistas brasileiras voltadas ao público masculino (com tonalidades eróticas, não pornográficas) foi a “Peteca,” da Grafipar, a poderosa corporação gráfica e editorial que a família passara a deter.
Assim como também marco editorial liderado por Faruk foi outra revista, a “Passarola” (acho que era distribuída por uma companhia de aviação em vôos nacionais).
E mais adiante, vamos encontrar o mascate Faruk conseguido os direitos para editar e imprimir no Brasil a revista “Penthouse”, um must daqueles dias.
CORREIO DE NOTÍCIAS

Inquieto, remando muitas vezes contra a maré num país de economia claudicante e calcado em planos econômicos malucos, Faruk ousou também na imprensa diária: deu vida ao jornal “Correio de Notícias” (em que cheguei a trabalhar), de vida não muito longa, mas marcante presença.
Pelo jornal de Faruk passaram notáveis; o mais saliente deles, jornalista Reynaldo Jardim, deixou nas suas páginas a marca de sua genialidade (ele que entrara na História com o caderno B do Jornal do Brasil).
Faruk era mesmo um mago em vender propostas fantásticas. Chegou a ser sócio – de fato e de direito – de Pelé.
A vida deu muitas voltas, Faruk sempre montado em grandes projetos. Um deles foi a revista “Where Curitiba”, replicando, com direitos comprados, a série de revistas estilo “Where New York”, que eram o grande passaporte para os turistas e para moradores da cidade viverem as suas atrações.
Acho que Faruk El Khatib pode ter sido tragado pelos avanços das novas realidades tecnológicas, com redes sociais e assemelhados.
Mas duvido que ele tenha se aposentado como empreendedor e enorme visionário.