
Na comunidade judaica de São Paulo o nome de Roberto Muszkat é bem conhecido como homem de espírito e alguém que impulsionou com seus testemunhos e um livro – “Quando se pretende falar da vida” – o kardecismo entre judeus paulistanos.
É isso mesmo: Muszkat foi um dos pilares do chamado espiritismo judaico em São Paulo. Fato agora explicado em livro de uma acadêmica.
ANDRÉA KOGAN
O tema, interessante do ponto de vista antropológico, sem falar em aspectos teológicos e do conhecimento da Bíblia, está no recém lançado “Espiritismo Judaico”, livro de Andréa Kogan, Edição da Labrador Universitário.
QUATRO ANOS
A pesquisa envolveu quatro anos de imersão nesse novo mundo, em sessões da chamada “mesa branca” em que famílias judaicas brasileiras figuram – já desencarnadas, ou seja, mortas – comunicando-se com seus parentes e amigos.
JUDAÍSMO PLURAL
Andréa, formada em Língua e Literatura Inglesa pela PUCSP é doutora em Ciência da Religião pela mesma universidade. Para avalizar sua pesquisa de quatro anos, realizada na Capital paulista, inédita, a pesquisadora do Núcleo de Estudos de Mística e Santidade da mesma PUCSP expõe curiosidades que envolveram seu trabalho de sessões do chamado ‘Evangelho no Lar’. São as sessões espíritas de doutrinação e contatos com os chamados desencarnados.
PONDÉ ORIENTOU
Orientada por Luiz Felipe Pondé, Andréa pode surpreender os mais ortodoxos de seu povo. Esses judeus que adotam o espiritismo em suas vidas, não veem contradições a superar, diz Kogan. São homens e mulheres que se abrem a uma pluralidade religiosa sem deixar de lado a sua identidade de filhos de Abrão, Isaac e Jacó.
Muitas das referências de Andréa centram-se em citações do Rebbe Menachem Lubavitcher, a mais importante referência mística do judaísmo contemporâneo.
TERRITORIALIZAÇÃO

A pesquisa bibliográfica de Andrea Kogan envolve muitos ângulos. Um deles, a da chamada territorialização dos judeus em São Paulo, e introdução à mística judaica, tal como analisada por Walter Rehfeld.
E o mais interessante é a visão do chamado pós judaísmo no século 21, que a pesquisadora foi encontrar na Argentina, nos livros de Sztajnszrajber, editados pela Prometeo Libros.
Esses judeus paulistanos divididos em dupla identidade religiosa, assumem sem problemas os ensinamentos kardecistas de que Jesus é um profeta “e um espírito iluminado. O maior de todos”.
Vale a leitura.
