Assessoria – A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou um aumento de 15,5% nas mortes em acidentes com caminhões no primeiro semestre de 2025. Foram 164 óbitos, enquanto no mesmo período do ano passado foram 142. Apesar da redução de 5% no número total de sinistros envolvendo veículos de carga, a gravidade das ocorrências cresceu. Dos 302 mortos em acidentes nas rodovias federais nos primeiros seis meses do ano, mais da metade (54%) estavam em sinistros que envolveram ao menos um caminhão.
O dado levanta uma questão delicada: de quem é a responsabilidade por essas tragédias? Para o delegado Edgar Santana, da Delegacia de Delitos de Trânsito do Paraná, a culpa nem sempre recai sobre o motorista. Durante a Feira e Fórum de Inovação em Segurança (Feiseg), realizada em Curitiba, Santana defendeu que proprietários e gestores de frotas também devem ser responsabilizados criminalmente em muitos casos.
Na palestra “Responsabilidade criminal dos proprietários de caminhões em sinistros de trânsito”, ele afirmou que caminhoneiros frequentemente são vítimas, e não causadores, dos acidentes. “Há negligência na manutenção dos veículos, na gestão da jornada de trabalho e na qualificação dos condutores”, disse. Segundo o delegado, comportamentos de risco praticados por outros motoristas, como ultrapassagens imprudentes, frenagens bruscas e desrespeito à distância segura, também estão por trás de muitos acidentes com veículos pesados. “O caminhão é visto por muitos como um obstáculo, quando, na verdade, exige atenção especial na via.”
Prevenção
Santana defendeu que o poder público atue de forma coordenada com o setor privado, com base em cinco pilares: vias bem planejadas, segurança veicular, educação para o trânsito, normatização eficaz e fiscalização qualificada. “Não basta entregar o caminhão. O proprietário precisa assegurar que o veículo esteja em condições adequadas e que o condutor seja apto”, afirmou.
Ele citou dois casos emblemáticos. Em um deles, um motorista percorreu um trajeto longo, sem descanso, e consumiu álcool e drogas para se manter acordado. Acabou envolvido em 14 colisões, após ser perseguido pela Polícia Federal. Em outro episódio, um caminhoneiro inexperiente, com apenas dois meses de habilitação, perdeu o controle do veículo e colidiu com uma van que transportava atletas, matando nove pessoas. Em ambas as situações, os empregadores teriam pressionado pelos prazos de entrega, ignorando falhas mecânicas e os riscos evidentes.
“O gestor que ignora manutenções, impõe escalas abusivas ou contrata motoristas sem preparo deve ser responsabilizado penalmente”, concluiu Santana.
Gestão de risco e tecnologia
Em meio a esse cenário, empresas especializadas em gestão de risco e logística têm se posicionado como aliadas para reduzir acidentes e proteger vidas. A Tecnorisk, referência no setor, desenvolve soluções baseadas em rastreamento, análise de comportamento do motorista e inteligência de dados.
“Monitoramos indicadores como velocidade média, tempo de percurso, paradas e até sinais de fadiga, considerando a jornada e o tipo de carga. A partir desses dados, sugerimos ações preventivas e intervenções em tempo real”, afirma Tatiane Bueno, CEO da Tecnorisk. “Essas informações ajudam a evitar acidentes e melhorar a gestão das operações.”
Tatiane também destaca que um bom gerenciamento permite entender se o veículo pertence à frota própria, é terceirizado ou agregado, o que influencia diretamente na responsabilidade pela manutenção. No transporte de cargas perigosas, como combustíveis, a exigência é ainda maior, com cursos obrigatórios e autorizações específicas para os condutores.
